Café da partilha - 2

Para além do habitual pastilhar da Rosa (Sandra) e da Lena de leste, da família de ciganos com as respectivas chapadas e bocas abertas e da muda que não se cala, hoje a Rosa tinha mais uma surpresa…

Do alto, por ser na Alta acho eu, de todo o seu esplendor fashion, a Rosa ostentava uma bela camisa de riscas apertada apenas em 3 botões situados numa zona que eu calculo ser, pela geografia feminina, a do peito, embora não desse para perceber muito bem dada a sua plenitude plana (uma partilhazinha com a Lena e ficavam as duas bem).

Mas afinal, onde está a surpresa?! Ora bem, precisamente na sequência dos 3 botões apertados, vinham todos os outros imediatamente após, por apertar! O que revelava, para quem quisesse claro (só olha quem quer), uma bela zona de cintura com algumas particularidades muito interessantes: a começar pela respectiva dobra sobre o cós das calças aí com uma espessura de 3cm (sem exagero se não, não era surpresa!), aquele picotado conhecido por casca de laranja, mas que a mim me parecia mais tipo cortiça mesmo quando se descasca a árvore e por fim, last but not least um umbigo enorme, acho que deve ser por causa de umbigos destes que a Ilha da Páscoa se chama Te pito o te henúa (umbigo do mundo) na língua local, estou convencido que é ali que ela guarda as pastilhas!




Os meus olhos observantes de espanto, não paravam de seguir o saltitar desta maravilha, pois a Rosa não pára quieta, só alternando de quando em vez a direcção para um grupo de 4 polícias que tomavam café ruidosamente, e que me chamaram a atenção pois dos 4 um era uma (acho eu!) porque tinha unhas pretas de 3cm (curiosamente a medida da dobra da barriga da Rosa, mas aqui já com exagero de autor!), embora tivesse mãos de homem, cabelo comprido e solto, embora tivesse cara de homem, calças da farda enfiadas num rabo de mulher, embora no topo de umas pernas de homem… enfim, uma amálgama de contradições de género que me deixavam indeciso entre barriga, mulher-homem polícia, barriga, muda, barriga, putos a berrar e chapadas, barriga… quer dizer, partilhas!



Nota do autor observador: esta barriga não é a da Rosa, mas o efeito era igual!

O meu 25 a 29...


De um Abril já passado
Ficam as memórias de um ainda presente
Que de tão usado se fez lembrado
Que de tão esquecido se fez saudado
Na minha, na tua, na nossa mente

Aos camaradas do adeus, deixo a esperança


Da vergonha quase esquecida
Faço viva, a sua lembrança
Para que a madrugada seja cumprida
Para que a verdade, adulta já ida
Não torne o amanhã de novo criança

Aos camaradas do crescimento, deixo a vontade


Para a eternidade faço palavras
Para as lápides escrevo razões
Se da vitória disseres que amavas
Se do alcance disseres que gostavas
Da conquista dirás: aldrabões!

Aos camaradas do futuro, deixo a razão


Se do pasmo sobrar panaceia
E da leitura sobrar emoção
É porque todo aquele que me leia
Tirará de dentro da veia
A esperança, a vontade, a razão

Aos camaradas que me lêem, deixo… as palavras!






P.S. – Fiz do atraso, a razão de uma escrita homenageada e da desculpa a motivação da vontade!

O meu blog deu mesmo um programa de rádio!

Estive longe da realidade e ausentei a minha distância com 3 dias de impossibilidade de escrita. Vivi novidades e descansei momentos de lassidão, desfrutando em pleno das novas condições.

No meu primeiro 25 de Abril como blogger, falhei a possibilidade de marcar o acontecimento em palavras minhas e, por isso, deixo apenas a atrasada homenagem sentida pela força da imagem.




No entanto, estes dias ficam marcados pela vivência arrepiante de ouvir o que penso. ADOREI o programa de rádio. Gostei da selecção dos posts, gostei da música que escolheram, gostei das “interpretações” dos locutores e gostei do programa no seu todo! Confesso que estava um pouco céptico com o que poderiam fazer e se interpretariam o que escrevo, como escrevo. Mas a verdade, é que arrepiei de satisfação o resultado!





Muito obrigado à equipa toda da Rádio Comercial* pelo seu profissionalismo e sobretudo pela GRANDE satisfação que me deram! Os agradecimentos dizem-se, escrevem-se, mas principalmente sentem-se… e eu sinto-o verdadeiramente! Obrigado!



* E como o seu a seu dono, gosto de personalizar os agradecimentos generalizados... por isso, muito obrigado à Ana Margarida Carmo (Produtora), ao Miguel Chagas e à Ana Isabel Arroja (que deram voz e vida aos posts), ao Nuno Gonçalo Santos (sonoplasta), ao Nuno Luz e ao João Pedro Sousa (Coordenação musical).


Ler

Na ressaca da comemoração, reflecti e confirmei a paixão pela leitura e pela magia do sonho escrito. Concluí da certeza das palavras, que a conjugação dos sentidos ganha a forma de um imaginário que de infantil se faz adulto. Percorri com risonha saudade, as etapas do meu ler crescimento e partilhei entre sabores escolhidos as experiências de leituras adquiridas.

Fiz(émos) da banalidade o fascínio do sabor lido, acrescentando à alegria da partilha a motivação da narrativa. Entre garfadas de espera, houve o tempero da memória e o riso da saudade. Bebemos da erva, o chá das palavras torradas e a composição quente da vida lida em várias páginas.

Saltámos capítulos de barreiras e imaginámos buracos no tempo, que permitissem parar para ler. Prometemos bibliotecas futuras e fascinámos ideias de clubes de leitura, partilhados pela virtualidade da distância e pela vontade do sonho.




Comecei a ler sozinho, continuo agora acompanhado…

Espero continuar a ler em toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e arte! Que dos livros se faça razão, que da vontade se faça caminho. Persigo das palavras a emoção, procuro nas linhas o sentido da escrita que me brota da alma. E quando da ideia não fizer sentido, espero permanecer na paz de uma leitura calma!



P.s. - Roubei a foto aqui...

You Tube (Tu Entubas)

Parece que este famoso local de “entubamento” de imagens, comemora hoje 3 anos que recebeu o seu primeiro vídeo. Como tudo, tem vantagens e desvantagens, tem coisas boas e coisas más, e vai sempre depender da utilização de quem usa esta ferramenta. Mas para mim, enquanto permitir cenas como esta, vai continuar a valer a pena…



P.s. - Já tinha dito que este blog vai dar um programa de rádio?

Dia mundial do Livro!

Não é que eu não sinta todos os dias como assim sendo, mas foi a data encontrada internacionalmente e eu não posso deixar de me juntar à efeméride!

A leitura é um fenómeno tão simples, quanto ter papel e um conjunto de caracteres ordenados de uma determinada maneira. A magia está no poder que essa ordenação transmite e a capacidade que tem de nos fazer sonhar, sentir, viajar, pensar “apenas” com a força do impacto das palavras na nossa cabeça! Os livros limitam-se a abrir caminhos no nosso pensamento, a força de os sentir está em nós.

E o cheiro?! O maravilhoso cheiro que as casas livradas (cheias de livros) têm! E folhear?! O prazer indescritível de tocar as páginas de um livro na vontade de ler com os dedos. Só o facto de olhar para uma estante cheia de livros já é reconfortante.

Não há originalidade na escrita de intenções deste post, mas há o transmitir de uma paixão que se quer intensa e partilhada. Quem escreve, primeiro lê! E se escrevo o que penso é porque leio o que partilho. Não posso negar a influência que as leituras têm na escrita de cada um, mas posso pedir a todos que leiam, leiam muito! Leiam até não conseguirem ler mais. E mesmo quando isso acontecer, peçam a alguém que vos leia em voz alta!

E neste dia tão especial pela comemoração, mas que devia ser igual a todos os outros pelo hábito, não deixem de comprar um livro, de começar um e continuar outro, de oferecer e receber também. Eu, já recebi o meu!




Obrigado pela partilha da certeza, pela lembrança do gesto e pela ternura da paixão! É nosso para ter e guardar, para partilhar e desfrutar, para sentir e querer mais…


“O meu blog dava um programa de rádio”

Da estupefacção do primeiro e-mail, ao amadurecimento da ideia, chegou a certeza. Este blog não só dava um programa de rádio, como vai dar! O que começou por ser uma experiência de escrita é agora um vício de partilha, potenciado pelo difundir da voz.



Por isso, TUDO a ouvir a Rádio Comercial, próximo Sábado (26 de Abril) às 21h, com repetição no Domingo às 13h. Alguém acredita que vai ser possível ouvir as barbaridades deste vosso escriba?! Eu, que ainda estou meio a levitar, ainda não sei se acredito!

Sinto-me assim, mais perto do sonho…

Aos 50, ainda não percebo



Atingido o meio cento, reflicto da e na escrita à procura do que não percebo. Procuro, e não encontro respostas para as dúvidas que me assolam e que me deixam inquieto, indisposto e incomodado. Percebo das palavras, a vontade da procura e a inquietação do futuro. No entanto, acinzento das emoções o estado da alma que me mantém à tona da razão.

Não percebo as pessoas em toda a sua plenitude de reacção. Cada vez me surpreende mais o impacto da causa-efeito e não consigo descortinar o que nos diferencia perante as situações. São os instintos que mudam? O entendimento que cada um faz dos acontecimentos é ditado porque ordem de razões? A complexidade do ser humano, deriva da sua característica pensante e muitas vezes é essa capacidade que atrapalha todas as nossas relações. No entanto, é o pensamento que me conduz à escrita… bom ou mau?

Como ser pensante inconformado, persigo o deslumbramento de viver deixando que por vezes isso me atrapalhe. Estou a ficar amargo por dentro e sinto necessidade de adoçar as minhas ideias e acções. Escrevo para procurar e procuro para escrever, tentando com isso fluir as reflexões pelas atitudes. Nem sempre consigo…

É nessa procura que me engano e cometo erros. É nessa ansiedade que defino o meu sentir e planeio a minha caminhada. Ultrapasso buracos e curvo enganos, na esperança de lá chegar. A meta da vontade, está vista e à vista do meu alcance. Prometo lá chegar!



P.s. - Aos 50... posts! :)

A sétima das artes

A magia dos sonhos aparece nas películas da vida, como nuvens no céu. Aparecem, desaparecem, voltam a aparecer e a desaparecer outra vez. O poder de sermos todos e um só durante 2 horas, cresce no imaginário de cada um transportado por um bilhete… de cinema!




Esta arte que se diz sétima, desde 1911 quando Ricciotto Canudo assim a classificou no Manifesto das Sete Artes, é muitas vezes primeira pela grandiosidade de reunir características das 6 precedentes. A ver: 1ª – Música (som), 2ª – Dança (movimento), 3ª – Pintura (cor), 4ª – Escultura (volume), 5ª – Teatro (representação), 6ª – Literatura (palavra).

Não deixa de ser uma das artes “preguiçosas”, pois apenas temos que nos sentar e sem qualquer esforço apreciar o que alguém fez para nosso deleite. Até uma mau filme é bom de ver, pela experiência de o enfrentarmos e podermos depois esgrimir argumentos numa qualquer mesa de café para mostrar a alguém porque assim o foi! O sabor do que nos provocou, é delicioso de partilhar, quer tenha sido mau, bom, alegre, triste, surpreendente, fascinante, inquietante, apreensivo, expectante, brilhante ou mesmo lascivo!

É assim… ADORO cinema! E hoje, vou fazer por isso!

Descansar

Depois de uma semana que já reflecti, sinto o cansaço da dificuldade de a ter atravessado. A doença e as emoções fortes ainda rondam a sua presença e eu preciso de fechar os olhos. Sinto na vontade, a razão de estar cansado e a necessidade de carregar baterias.

Sei da certeza, que o alcance merece comemoração e que por isso salto fronteiras e despejo derrotas. Irei respirar fundo e sorrir, pois este fim-de-semana vou sonhar assim…


Passou...

Ainda espirro da alma
E da semana tenho pouca força

Grito a quem não me ouça
Faço do alento a minha calma
Pois por muita palavra que gaste
Aquele será sempre um traste
E da vida não terá palma


Sinto verde o sabor
Que da esperança fez vitória
Que da alegria fez memória
E que da paixão fez calor

Rugi ao alento do sonho
Abracei irmandade de conho
Gracejei ironias sem dor


Fiz do febril movimento
A mudança que pautou chuva
O chão de que pisei uva

Acertei horas ao momento
Escolhi ponteiros de continência
Reflecti conceitos de inocência
Fiz da razão salvamento


E como sei que a palavra emana
Fiz da dificuldade a teia
Para chegar ao fim da semana
E não ter do texto quem leia

Porta-aviões ao fundo!

Antes de começar, é favor seleccionar a faixa 7 ali no Bilhete Sonoro do lado direito… não, não… a 7! Eu espero… já está?

Pois é, há dias assim em que do impossível se faz possível, em que do sonho se faz realidade e em que da esperança se faz vitória! Na batalha naval da segunda circular, conseguimos 5 tiros certeiros no porta-aviões. Certinho, direitinho! Depois de termos perdido um barco de 2 canos, perseguimos furiosamente a frota inimiga. Na senda do afundamento do navio principal, ainda perdemos um submarino, no entanto nada fez mossa numa noite onde os marinheiros eram todos verdes!

Não houve tempestade nem bonança, que questionasse se verde era a esperança! Muitas eram as mãos que se despediam com alegria, num adeus a 5 dedos. Este era um dos muitos malucos que por lá andava…




Na dúvida entre a doença efectiva e a paixão doentia, prevaleceu a segunda, e da mistura entre espirros e golos, se fez da noite uma glória e se fez da história uma eternidade! Mudam as marés, mudam os marinheiros, mas a cor desta noite ninguém esquecerá!

Nos anais da memória (e nos outros) fica a marca do sismo de grau 5.3 na escala de Richter,* do novo livro de Os Cinco e o cemitério das águias mortas,* do facto de voltar a escrever às 5 para as 3, do Venham mais 5* do Zeca Afonso, de beber chá (verde) das 5 e desculpem lá mas 5 muito* se não consigo parar com o regozijo! E ainda houve 6 milhões de portugueses que hoje tiveram uma 5pe (síncope) cardíaca*!

Abraços verdes para todos!




* Copyright by

Salvem os acamados!

Acometido que fui, por uma gripose castigante pela estupidez já característica, deparei comigo na situação de confinado ao conforto do lar, mais especificamente, no sofá.

Nas várias horas que deitado passei (foram quase 3 dias), atravessei muitos momentos de cinzentude emocional, que se caracterizavam por estados febris que não permitiam concentrar os olhos o suficiente para ler, que não me deixavam dormir muito por estar desconfortável e sempre a tossir, e que por isso, me impeliram na direcção da alternativa que tinha: ver televisão!




Medo! O pânico, o horror! Passei da constipose a uma estupidificação mental, além de uma deslocação do maxilar inferior, perante a estupefacção do que os meus olhos viam. É mau demais para ser verdade, senão vejamos…

Entre as barbaridades do Alberto João Jardim, que até já recebe o “Sr. Silva”, embora chame malucos aos restantes membros do Governo Regional, a deficiência mental de Fátimas Lopes, Praças da Alegria e outros que tais, passando por Portugal no Coração e Morangos com Açúcar temporada 350, tudo merece destaque. No entanto, o Óscar do momento televisivo mais tenebroso vai para a altura em que depois de ter conseguido adormecer debaixo da saraivada de berros histéricos da Júlia Pinheiro (obrigado febre!), abro os olhos num acordar estremecido e fui confrontado com o pesadelo real de ver o Manuel Luís Goucha com um pepino e uma courgette em cada mão a anunciar qualquer coisa! Eu, na minha inocência, acho que era um livro de culinária, mas como o pânico me acometeu (não confundir com a-cu-meteu) de um impulso instintivo de mudar o canal, não tenho a certeza. Reflectindo agora sobre o personagem principal e os belos legumes que ostentava com orgulho, consigo imaginar mais uns quantos cenários bem dantescó-vegetais!

É depois destas experiências traumatizantes, que eu apelo a todos, em nome dos acamados de Portugal (em especial os que não têm TV por cabo!), por favor ajudem-nos a criar um canal novo, porque ninguém consegue melhorar (arriscaria até a dizer que piora) se só tiver os nossos canais pela frente o dia todo! Ligue já para o 53 53 53 (rede de Lisboa – valor da chamada 53 cêntimos), ou faça o seu depósito na conta 5353 535353535353 535353, e contribua para o canal do acamado! (não sei o que se passa hoje, mas o número 5-3 não pára de surgir!)


P.s. – Muito obrigado ao Blockbuster que me salvou do que podia ter sido pior!

Avinha-te, abifa-te e abafa-te!

Depois de um magnífico fim-de-semana de Dolce Fare Nienti, abençoado por São Laboratório que nem sei o nome, chegou a factura: uma gripalhada monumental que nem sei a quantas ando! (mas acho que ando a duas…)




A fome de sol era tanta, que nem o aviso gargantó-dorido de Sexta-feira, me fez arredar pé da piscina e das belas espreguiçadeiras. Não sei como é que se arreda um pé, mas era o que devia ter descoberto! A água da piscina aquecida, um calorzinho de chorar por mais, a facilidade de levantar o braço e pedir mais uma bebidazinha, a espetadazinha de frutas que iam oferecendo, um bom livro e saudades do Verão… tá feito! Tudo em zinhos e zinhas como pedia aquela ocasião. A única zona foi mesmo a constipação.

E por isso, este é o panorama da segunda que se segue. Ainda por cima, São Laboratório nem ajuda constipações e por castigo assim estou. Salve-se o Trockadero de MonteCarlo que assisti no Sábado à noite e que me levou às lágrimas! Os gajos(as) dançam que se fartam. Quem disse que dançar em pontas era para senhoras?! Vi umas belas patinhas 46 biqueira larga a andar de um lado para o outro como se não fosse nada com eles! Para ver e rir por mais!



P.s. - Não há inspiração no meio de tanto desconforto, mas se não passar por aqui ainda fico pior!

Tenho raiva!

Tenho raiva da incompetência, tenho raiva das bananas que mandam, tenho raiva da incongruência, tenho raiva da apatia em que todos andam.

Tenho raiva das taxas de juro, tenho raiva dos que ganham muito e não fazem nada, tenho raiva de não saber o futuro, tenho raiva do presente que não acaba.

Tenho raiva de jogadores de futebol, tenho raiva dos círculos fechados, tenho raiva de quem é mole, tenho raiva dos mal-amados.




Tenho raiva de trabalhar para viver, tenho raiva de viver para trabalhar, tenho raiva de quem vive sem saber, tenho raiva de quem sabe e não quer usar.

Tenho raiva de quem pensa que sabe, tenho raiva de quem sabe e não pensa, tenho raiva que o tempo passe e acabe, tenho raiva de cumprir sentença.

Tenho raiva de ter raiva, tenho raiva de quem não tem, tenho raiva do Sargento Saraiva, tenho raiva de quem não me trata bem.

Tenho raiva de não ter sempre sol, tenho raiva de não viajar amanhã, tenho raiva do que a vida me engole, tenho raiva de não ter nenhum fã.

Tenho raiva…

… serei um cão?!



P.S. – Não conheço nenhum Sargento Saraiva!

Saramago em filme

O que é bom de ler, poderá ser bom de ver. O “Ensaio sobre a cegueira” chegou ao cinema pelas mãos de Fernando Meireles (Cidade de Deus e o Fiel Jardineiro) num filme chamado Blindness.

Lets luque éte a traila!

Dar as mãos

Volto à praia da minha vida
Para ver a razão cumprida
Para acertar o relógio da mente
Que a qualquer momento sente
Que em toda a parte se parte

Sabemos do tempo que é tempo
Sabemos da vida que morre
Crescemos juntos ao momento
Crescemos juntos o sentimento
Andamos onde alguém corre

Damos as mãos de esperança
Sentimos em nós a criança
Fazemos do sonho razão
Acertamos agulhas de mar
Afundamos qualquer confusão

Se da escolha sabemos tirar
Se do caminho damos a volta
É porque temos vontade de dar
É porque queremos acompanhar
A paixão que o amor revolta

E porque da alma fazemos sentidos
Declaro ao vento da verdade
Sejam brandos os que estão perdidos
Sejam encontrados os perseguidos
Dêem as mãos os que não têm vontade

Aos amigos

Aos amigos ergo o meu copo, aos amigos faço uma vénia, aos amigos planto a minha consideração... porque juntos chegamos ao mar e juntos aprendemos a nadar.

Na aventura da descoberta, desbravamos caminho no meio da realidade das nossas existências. Sem vocês era só mais um, convosco sinto a vontade de abrir portas e janelas na casa das nossas vivências, de explorar o quintal do nosso crescimento, de correr na pista das nossas ideias.




E quando a solidão do descontentamento aperta, uma coisa será sempre certa, sei que os amigos me querem bem porque a eles eu também! E porque o caminhar nos leva no sentido da direcção, rodeio-me de vocês para ter a certeza de que chego lá. A segurança da partilha comanda a vontade de vos conhecer e de vos descobrir cada vez mais. O crescimento do nosso gostar, floresce no jardim da nossa felicidade!


A felicidade de existir merece a consideração de sermos amigos. De vocês me acompanho para continuar a percorrer a estrada da plenitude em direcção ao bem estar de termos nascido uns para os outros.

Aos amigos ergo o meu copo, aos amigos faço uma vénia, aos amigos planto a minha consideração... E porque “a felicidade só faz sentido quando partilhada”, com os amigos partilho o meu espaço!

Felizmente, ainda pensam em nosco!

Falar português, e sobretudo escrever, não é fácil e não é decididamente para todos. Mas, com os ventos de mudança que se aproximam vai ser cada vez mais global… ou não!

O acordo ortográfico pretende alterar toda uma cultura linguística que faz parte de nós e que nos vai transformar em brasileiros. É verdade que já vivem cá tantos, que qualquer dia nem notamos a fusão. No entanto, as alterações previstas podem, segundo os linguistas, vir a alterar até a nossa pronúncia! Eu que sempre tive vontade de nomear um filho meu de Jacinto Leite Capelo Rego, tremo ao pensar em dizer isto com sotaque brasileiro.

A identidade cultural de uma nação passa pela sua língua e pela escrita da mesma. Passamos anos a tentar aprender as regras e a escrever bem, e agora temos que reaprender tudo. Provavelmente, 70% da população portuguesa não vai dar pela diferença e vai continuar a escrever e a falar como sempre o fizeram, com a diferença que a confirmar-se o acordo passam a dar menos calinadas.




Deixar um pêlo pelo chão não vai ser possível porque se deixarmos um pelo pelo chão vão pensar que foi engano e cortam um dos pelos e depois acabam por perguntar afinal o que é que foi deixado pelo chão?! Nunca mais ninguém pára para ver uma montra, porque para para dizem os gagos e assim nunca mais paramos! A juntar às Cátias Vanessas, vão começar a nascer os Fábyos, os Karlos e os Wascos. Já para não falar nos “p” e nos “c” que tanto trabalho me deram a enfiar atrás das sílabas e que agora tenho que deitar fora.

Foi para isto que o Camões perdeu um olho e nadou que se fartou só com um braço?! Se a ideia é homogeneizar a lusofonia, e as diferenças lexicais, sintácticas e morfológicas entre o português de Portugal e os outros “portugueses” são para eliminar, porque é que alteramos a língua de origem em vez de alterar todas as outras que daí vieram? Será que é por sermos mais pequenos, ou estamos a servir os interesses de alguém? Nahh… devo estar a ser mauzinho!

Até lá vamos recebendo pérolas da sintaxe portuguesa de Portugal e regozijamo-nos com entrar num restaurante e sermos amavelmente recebidos com um:

- Ainda este fim-de-semana pensei em vosco!


A vida em caixotes

Sempre pensei que as pessoas que não vivem na mesma casa toda a vida, teriam mais pertences ao seu redor pois estariam a acumular desde que nasceram. Mesmo com umas limpezas de quarto ocasionais impostas pelo patriarcado, estava no meu entender que seria um rol infindável.

Engano puro! Eu e as minhas 9 mudanças de casa, cada vez mais pensamos de outra maneira. Já não contando com o facto de ter passado a vida a fazer sacos de fim-de-semana, já arrumei e desarrumei sacos e caixotes 18 enormes e sofridas vezes, a última das quais, nos dois dias exactamente anteriores ao de hoje… estou de rastos! De cada uma das vezes deito toneladas de coisas fora, mas mesmo assim tenho caixotes até ao tecto da minha alma!




Como é possível acumular tanta coisa?! É certo que sou um coleccionador de memórias e que adoro rodear-me de tudo o que tem algum significado para mim, mas atribuirei assim tanto sentido a tanto bem?! SIM!!!! Será doença? Sofrerei de acumulação aguda? Tentei nestes dias, alargar a bitola em termos de necessário vs. não-necessário. Sorri lembranças encontradas e chorei quilos de memórias que deitei fora e mesmo assim… não sei o que fazer a tanto caixote!

Encaixotei passado, seleccionei presente e arrumei futuro. Faz, desfaz, monta, desmonta, caixotes atrás e só mais um não conta! Doem-me as costas e a alma da saudade, mas sinto uma nostalgia sorridente pelo prazer de simplesmente recordar, sorrir e deitar fora!

Tenho cara de mau!

A Alta não pára de me surpreender e todos os dias me brinda com novas experiências e emoções fortes. A última delas, experiente e forte ao mesmo tempo, prende-se com o meu perturbador mau aspecto. Com tudo o que tem acontecido nas pretéritas semanas, desconfio que além do aspecto ando com cargas negativas que viram as pessoas inconscientemente contra mim!

Corria a manhã de Sábado tranquila, quando abandono o lar em direcção a outros afazeres. Antes porém, lembro-me que preciso de levar o lixo para baixo. Depois da operação terminada (putos estejam descansados que acertei com as cores da reciclagem), permaneci uns minutos à porta da garagem porque estava a enviar uma mensagem e não queria perder o sinal. Neste entretanto, saiu um vizinho de carro e eu não entrei porque ainda não tinha terminado a manobra telefónica. Finda esta, entro na garagem sem usar o meu comando, porque entretanto, um outro vizinho vinha a sair.

Calmamente encaminho-me para o meu lugar no parqueamento e começo a preparar a parafernália de coisas para sair. Arrumo tudo no top case, ponho o capacete, as luvas, ligo a mota... e quando olho para a frente está um segurança e um vizinho, os dois com um ar muito desconfiado, a olharem para mim.

Desligo a mota e pergunto se há algum problema. Ao que o segurança prontamente (e educadamente) pede desculpa dizendo que foi confusão, mas o vizinho furibundo chispa um olhar ofendido na minha direcção barafustando que estava um fulano à porta da garagem todo vestido de preto com muito mau aspecto, e que por precaução tinha ido chamar o segurança. Olhei de mim para mim, a ver se correspondia à descrição do tal fulano e verifiquei que tinha um blusão de mota vestido (preto) e umas calças de ganga azuis claras. Perante a minha hesitação e demora, o vizinho insiste que era uma pessoa muito mal encarada que levantava suspeitas e eu respondo ainda surpreendido que eu tinha estado à porta porque fui deitar o lixo, mas que não sabia que tinha mau aspecto. Ele não se atrapalha e insiste veemente no meu mau especto e frisa que ainda por cima era mal encarado! Posto isto e mais os factos, abandona o local do "confronto", mas sempre a refilar muito indignado. Não sei se devia ter pedido desculpa por ter nascido com esta cara, mas ele a mim não pediu seguramente pelo sucedido.

Ainda de boca aberta, de tal maneira que ia engolindo o microfone do capacete, paro no cimo da rampa, depois de sair da garagem para ligar o gps que, naturalmente, não funciona na garagem. Mais boquiaberto fiquei, quando vejo passar o vizinho a alta velocidade no carro e a fazer um monumental peão mesmo à minha frente, para mudar de direcção! Depois de cuspir o microfone, que decididamente só podia ter engolido, por ter ficado com a boca ainda mais aberta, fiquei a pensar o que teria provocado a fúria do vizinho e que aspecto teria eu à porta da garagem.

Cheguei à conclusão que devia ser mais ou menos este...




Apesar da estupefacção, não posso deixar de agradecer ao meu vizinho pois sem ele não tinha escrito este post e não me tinha divertido a recordar tudo!

Escreverei até que a mão me doa!



Discuto a razão da vida, que faz do cerne a questão das palavras incorrectas. Ladeio a imagem sagrada, de acólitos momentos de dúvida e angústia. Desço as escadas da descoberta, inseguro do patamar alcançado. Julgo as certezas alcançadas e esqueço as memórias vividas. Colecciono sentimentos pensados e troco espontaneidades adquiridas.


Quando do velejar faço caminho, percebo o navegar da derrota à sombra da nuvem que me acompanha e sinto na memória a arma esquecida da descoberta. Naufrago o que penso conseguir em direcção ao fundo constante das evidências, numa amálgama de cascos e rombos.


No cemitério do crescimento enterro sonhos e desejos. Abro campas de novas ideias e mudo flores noutras tantas. Escuto o silêncio da incompreensão gritada e procuro entender os gritos mudos da revolta que me rodeia. Donde vem tanto barulho?


Sinto a pressão das vontades e penso, a cada braçada que dou, ter alcançado a ilha da tranquilidade depois de nadar no desespero da procura. Afinal não… nado para outra mais à frente. Nadarei sempre até me afogar! Até lá vou escrevendo…

Momentos

Quentes
Molhados
Sentidos
Ou não

Automáticos
Frios
Distantes
Constantes
Nem por isso

Certos
Concretos
Vulgares
Originais
Outros que tais

Nervosos
Sabidos
Curtos
Compridos

Escritos
Falados
Tocados
Nem vistos

Secos
Saborosos
Gostados
Viscosos

Saudosos…

Música Sacra

Partilho aqui o amâgo da fé que move as montanhas da espiritualidade. A alegria de sentir a devoção dentro de nós, difundida pelas notas santas de um medley religioso! A sabedoria crente, manifestada no Homem pelo prazer de orar cantando! Para ver, rever e aprender as letras!


Hora marcada

Nas duas últimas noites, fui acometido por violentas manifestações internas de revolta gástrica. As fortes picadas e os nós que sentia impeliram a minha paz de Morfeu, transformando-a numa corrida desenfreada na direcção do assento salvador.

Até aqui tudo normal, dentro da anormalidade do desarranjo, a não ser o misterioso facto de das duas vezes em que o abrir sofrido dos olhos me levou na direcção do despertador e ele marcava precisamente


Não sou supersticioso, muito menos chinês para considerar o 4 como o número do azar, nem acredito em fantasmas, mas será a isto que se chama relógio interno? Ou as aflições terão hora marcada? Para misteriar (criar mistério) mais ainda, é sempre o mesmo número. Se fosse o 6 ainda diria que é o número da "Besta". Ou então, é o meu número que sou uma besta mais pequena!

No espremer da segunda noite fui pensando nas coincidências, ou não, dos acontecimentos que nos marcam e acordam. Se calhar estou ligado ao despertador e não sei! No entanto, se for coincidência já estou a imaginar o anúncio…




Há coincidências intestinais fantásticas, não há?!

Porque falamos demais?!

Apanho no jardim da desculpa a verdade sabida de que o que não tem remédio, remediado está. Coloco no vaso das más experiências e rego com reflexão sentida e ponderada. Deixo crescer ao sol da razão e apanho os frutos da sabedoria que mastigo na avidez da esperança de que não se repita.

Mais vale a discrição de um silêncio que o silêncio de uma indiscrição! O sentir do calor a subir pelo estômago quando confrontados com a realidade do impacto não ponderado, embora não intencional, mas evitável. A terrível sensação de impotência perante a incapacidade de não conseguir apagar aquele pequenino momento. Faces ao rubro, coração em aperto e o reconhecimento da falha. A maldita frase mal dita! Mas porquê?!

Já está, já está! Já foi, já foi! Saiu e ficou. Mas incomodou?! Na certeza do sim sentido jaz a culpa não apagada. A que foi criada. E agora que foi enterrada, salve-se a verdade inconsequente de que, pelo menos, não foi pensada!

Mil desculpas!

Tenho saudades!

Tenho saudades do que vivi e já não vivo mais, do que podia ter vivido de outra maneira e do que nunca vivi. Tenho saudades do tempo em que o tempo estava parado e não corria desta maneira e em que eu não tinha que correr contra ele.

Tenho saudades de descansar sem me cansar e de me cansar descansado. Tenho saudades da areia que me fugiu pelos dedos e dos castelos que as ondas desmancharam. Tenho saudades dos luares inconsequentes e da consequência dos luares.




Tenho saudades das férias de 3 meses e dos meses sempre de férias. Tenho saudades de não ter horários e das horas que não tinha. Tenho saudades de ir jogar à bola na rua e de me sujar ao ar livre. Tenho saudades do campo e do ar respirável. Tenho saudades de carregar a mochila da escola e de ir para a praia durante a semana.

Tenho saudades dos amigos que já nem sei e de não saber as amizades que tinha. Tenho saudades de sair para o recreio e de recrear as saídas. Tenho saudades das encruzilhadas da decisão e das decisões encruzilhadas. Tenho saudades de ti, de mim e de nós. Tenho saudades dos filmes que não me lembro e das lembranças filmadas. Tenho saudades da música ensinada e da aprendizagem musical.

Mas tenho, acima de tudo, saudades de não ter saudade de nada!