Deu-me pra isto!

Agora ando assim. Não consigo ficar indiferente a algumas vivências e tenho cruzado na minha distracção histórias que deixam marcas profundas no entendimento que faço, ou fazia, da vida.

Quase sinto vergonha em sofrer os meus “pequeninos” problemas, quando na verdade não sei o que é sofrer verdadeiramente. Bem posso agradecer tudo o que vivi, se me comparar, e é quase criminoso comparar, com outras vidas, com outras experiências de existir.

É com este pensamento intrínseco que tenho saído de algumas salas de cinema e fico a remoer as histórias no íntimo das minhas contemplações. O paralelismo entre a genialidade e a loucura, entre a fama e a miséria, entre o muito bom e o muito mau, entre o alto e o baixo… Cada vez mais sinto que quando recebemos uma alegria de uma mão, temos a acompanhar uma tristeza na outra.

Passado isto e mais os factos, tenho que confessar a profunda admiração e surpresa que se transformou em mim quando deparei com a história de vida de uma diva que sempre me foi indiferente. Cresci a ouvir as suas músicas, mas bem no fundo do poço da minha consideração, por achar que me soava a “foleiro” e a “lamechice”. Nunca puxei o balde da minha atenção até ao cimo porque não compreendia a tonalidade melodramática de toda a sua figura.

Até ao dia, o de ontem, em que aproveitando a fase cinéfila que atravesso fui ver a história da sua vida. Não posso fugir à verdade do meu cepticismo antes de me sentar naquela cadeira e tenho que dar a mão à palmatória em como não ia muito convencido. Mas ao longo da película, e à medida que o meu queixo caía de admiração, fiquei rendido a uma vivência impressionante a que não acredito ser possível ficar indiferente.

Cada vez mais concluo que somos um produto de passados cruzados numa amálgama do presente e que cada passo dado é o resultado de muitas caminhadas. Rendo a minha homenagem a uma vida curta, mas vivida em pleno no fio da navalha! Que choque de realidade vivida se sente nesta história.







E já agora... que interpretação plena de mérito e sentimento. Não tenho a certeza da justiça de todos os óscares, mas este posso garantir que foi verdadeiramente bem atribuído!



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