3 Realidades, outras tantas verdades

Ciclo de cinema puro e duro. Verdades da vida em forma de murro (moderado) mas que não aconselho nesta sequência, que foi a minha. O ideal será intercalar com algum cor-de-rosa pelo meio… só para desanuviar.

Sem ordem de preferências, mas sim de visionamento. Gostei de todos e acho que devem constar da curriculum cinéfilo de todos os apreciadores. Sem dores. Apenas realidade.


Gran Torino




Revolutionary Road




The Visitor (O Visitante)

Grupo dos Homens Azuis

Depois de me ter aficionado em Berlim pela onda azul, esperei ansiosamente que viessem até ao nosso cantinho para mostrar que um espectáculo é muito mais que público, um palco e alguém em cima dele.

Blue Man Group é uma diversão azul com boa música, e muito bons músicos. Para dançar, cantar e participar (seguramente), e sobretudo, a não perder, aqui!





P.S. – Se até o mono que estava atrás de mim teve que se levantar, qualquer ser não amorfo vai adorar!

Exercício em movimento

Enquadramento

Escrever a partir de uma série de movimentos feitos por uma actriz. Não há falas, só gestos e expressões. Em duas partes, a primeira descreve apenas os movimentos factualmente enquanto se observa; a segunda é o exercício propriamente dito. Uso da criatividade (d)escritiva.


Acção

Primeira parte (2 minutos) – Entrar. Cara de espanto. Pegar num objecto. Acariciá-lo. Apalpar as paredes com ar de saudade. Pegar num pano. Emoção nostálgica. Olhar a janela. Abri-la. Sensação familiar. Sentar e pegar num livro. Cheirá-lo. Recostar e sorrir.

Segunda parte (15 minutos) – Abriu a porta para o que já sabia que não sabia que ia encontrar. Esperava algo, mas não sabia o quê. Estaria tudo na mesma?! Entrou…

A primeira coisa a cair foi o queixo, seguiu-se logo a surpresa e a admiração. Só o conforto do alívio se manteve de pé. Deu dois passos no interior da certeza e pegou na primeira recordação que os seus olhos viram. Abraçou-a como a um filho. Largou-a.

Acariciou as paredes e esfregou o contentamento na branca frescura da tranquilidade. Afinal, ainda se lembrava do cheiro da infância.

Pegou num pano que bordara na escola e sorriu na nostalgia da falta de jeito. Nunca se dera com trabalhos manuais. Correu para a janela e abriu-a de emoção. A paisagem que se via era nova mas completamente familiar. Tantos anos longe.



A secretária, apesar do pó do abandono, estava impecavelmente limpa. Tudo no mesmo sítio como se o tempo tivesse sido desligado. Sentou-se na cadeira de outrora e recuou sensações. Rebobinou a vida, e agarrou no último livro que tinha lido naquela secretária. Abriu-o. Cheirou-lhe à história que ainda sabia de cor.

Que bom voltar à criança intemporal que sempre fora até ter que deixar de ser, quando os minutos passavam devagar e as horas se distraíam em pensamentos. Foram bons momentos.

Posou o livro, recostou-se no descanso e sorriu até hoje.


Folha Branca

Pede palavras de consolo e eu não tenho para escrever. Pede imaginação para as frases e eu não tenho para ditar. Pede memórias escritas e só me lembro do futuro. Pede risos de vida quando me apetece é chorar. Pede pensamentos tristes e desato-me a rir (talvez esteja atado de pensamentos). Pede assuntos sérios e digo parvoíces. Pede ternura e mancho-a de azedo. Pede agressividade e pinto-lhe flores.

Perante a candura dos pedidos, rogo pragas à parcimónia criativa da minha alma e corro pelas escadas do tempo em busca de letras. Abro e fecho portas com diversos temas, escondo problemas e destapo alegrias. A seguir construo janelas, abertas. Deixo respirar a vontade, e a verdade… mas a folha continua branca.



Dou-lhe três voltas no sentido da fantasia e sento-me no devaneio da procura. Que loucura. A necessidade da escrita torna angustiante o bater do tempo. O metrónomo da monção alvitra questões de paz podre em igreja de serventia. Quem diria.

A inocência de ser apenas branca, embora folha, faz-me rir de malvadez criativa, mas aterroriza-me a caneta da acção e nada me apetece. Acontece. Sinto passar as convicções em bandejas de apatia. Provo uma.

Seca-se-me a tinta da criação perante imaculada folha. Olho para ela mais uma vez, e sem saber o que fazer… faço apenas isso mesmo. Preencho-a.

E a mim também.

Injustiça – II (FRASEANDO #18)

De novo, grito as entranhas da revolta mergulhado em sabor amargo de injustiça. As lassidões circunstanciais de delito infligido, cravam na carne da desonra setas de inverdades descontextualizadas de razão.

Aguentar faz parte do jogo, seguir em frente também. Mas perante a impotência da demonstração, fica a certeza de sabermos no interior o que está bem, o que é justo. Curto? Depende da dimensão do consolo.



Percorrer os campos da vergonha, agarrado ao vento do descontentamento, gritando a peito aberto contra a sacanice do próximo, acalma por momentos a revolta. Mas ela volta, e pudemos contar sempre com mais facadas de onde não esperamos. Entranhamos?

Como em todas as histórias sem final, cada capítulo ajuda a esquecer o anterior. A desilusão passa em cada frase e vai-se escondendo do pensamento. No entanto, e a qualquer momento, folheiam-se alguns passados ultrapassados – ou não – para lembrar que em qualquer orquestra há instrumentos desafinados.


P.S. – Dedicado à desigualdade e às chefias idiotas, aos árbitros que roubam e a outras cotas.



Se sofreu uma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la.

Demócrito

Demócrito de Abdera
(460-370 a.C.)

Vernácula Primavera em Dia da Poesia

Abraços de cultura soam a poesia morta

Em dia que deviam ser todos.

Cantam-se primaveras, edificam-se palavras

Marcham-se poetas e soltam-se amarras

Aos molhos, aos montes e aos toldos.


Soam flores de pouca leitura

Em campos de obras esquecidas.

Colhem-se poetas de fachada

Plantam-se literários de gabinete

Lambem-se livros em falso minete.


... E então?!



Então...


Ergam ao sol a magia da letra

Façam da vida revolta de poeta.

Dancem abraços, gritem convulsões

Esqueçam agravos e cantem liberações.

Pois na volta do amanhã está a cultura rabeta.


E quando do imposto lerem despesa

Agarrem-se aos cornos de qualquer poesia

Militem palavras de forte presença

Apaguem esforços de frase vazia.

Se da merda já lida riscaram vinhetas

Façam da poesia a maior das punhetas.


... E depois?!



Depois...


Celebrem esta Primavera de poetas

Em país de grandes e dias esquecidos

Encham o peito de todas as letras

Abracem autores, fiquem embevecidos.

Que este dia cheire à força das minhas tretas

Em registo de flores e poesia de profetas.


A(l)ma da vida

Puxou o casaco para os ombros. Estava frio na sua alma e a pele começava a ficar arrepiada de desânimo. Deu mais uns passos em direcção a sabe-se lá onde e não conseguiu aquecer. Sentia que falhava a sua missão e toda a razão de existir não parecia fazer qualquer sentido.

Percorreu ruas perdidas sem mapa de vontade e deixou-se embalar nas lágrimas do desespero. As forças escorriam pela sua determinação abaixo, a respiração prendia em cada passagem e o pensamento desfazia-se em flocos de angústia. Sentou-se. Era o último reduto da sua condição. A última réstia de energia esvaía-se entre os dedos do destino e desaparecia nas ondas da inevitabilidade.

Encolhida no frio da desistência começou a desaparecer nos escombros da estagnação enquanto o relógio temporal se recusava a parar para dar uma ajuda. O mundo passava e ignorava aquela presença, com a indiferença de quem não quer saber. A vergonha instalara-se nas circunstâncias e não permitia sequer um olhar.




Duas ruas mais abaixo, um raio de sol espreitava à esquina da oportunidade. O dia começava a nascer e sentia fluir no seu todo a energia da esperança e a liberdade da vida. Timidamente percorreu as ruas, trocando o cinzento e o frio da noite pela luz quente da convicção. Era um raio jovem e ainda não tinha muita experiência.

De olhos cada vez mais atentos às agruras da vida, reparou num aglomerado de tristeza tolhido a um canto. Aproximou-se com a cautela da inexperiência e começou a levantar questões, a escavar problemas e a destapar amarguras. Sentiu-se crescer no que tinha que ser e tornou-se adulto na intervenção.

Debaixo de todo aquele frio de existir, estava a maior e mais encolhida angústia que alguma vez vira. Ajudado pelo dia mais velho estendeu a mão e tocou-lhe de esperança. Não houve reacção. Tocou mais uma vez e nada. Decidiu abraçar aquele desamparo com toda a força da sua juventude luminosa. Alguns aquecimentos depois, sentiu movimento.

Sorriu na confiança do objectivo e forçou-a a levantar-se da desistência. Um cheiro intenso a tristeza caiu no chão e desapareceu entre as pedras de outrora. Abraçou-a novamente, ainda com mais esperança e deixou que renascesse de júbilo. O dia ocupava já todas as ruas e as últimas tristezas escondiam-se no passado.

Aquela estrela apagada iluminava-se de novo e com o agradecimento no olhar deitou fora o casaco e deixou sorrir a alegria do vento nos seus ombros. Partiu para o destino perdido e nunca mais deixou de brilhar.




P.S. – Vai sempre haver um amanhã!

Quadro Sorridente

Inocentes pinceladas coloriram um serão de ternura familiar. A velocidade estonteante com que do ontem fazes amanhã, transpira na tranquilidade do olhar e foi sentida em cada esbracejar de contentamento, em cada colo acolhedor e em cada imagem apadrinhada. A distância da vida não aproxima os momentos e a fonte da nossa relação não enche caudais de mais partilha, mas quando jorra é esta maravilha…



Obrigado por teres vindo. Na galeria das boas memórias ficará para sempre este quadro sorridente de simplicidade e este brilho de estares viva de esperança. Ainda bem que vieste acompanhada, porque foi muito bom sentir um saudável respirar e admirar a palete de cores do vosso sonho lindo.

A alegria de simplesmente existir é a dádiva do amanhã. E isso, celebras em cada sorriso e em cada olhar. Obrigado por teres iluminado as passagens estreitas com cores de envoltura.

FRASEANDO #17

Somos tão fúteis que nos importamos mesmo com a opinião daqueles que não nos importam.

Marie von Ebner-Eschenbach


Marie Freifrau von Ebner-Eschenbach
(1830-1916)

Infância cheirosa e curta

Cheirava-me sempre a dores nas costas. O meu Avô pagava-nos a 25 escudos o balde e uma semana de cheiro dobrado rendia aí uns 4 ou 5 baldes com brincadeira à mistura. Coisa pouca para tanta dor e tanto cheiro, que por sinal ficava nas mãos e no resto das férias. O calor Ribatejano no Verão da memória, não ajudava a que desaparecesse.

Algumas notas perfumadas de cansaço, no dia de receber ajudavam a esquecer o cheiro pegajoso e frutado que se entranhava nos lombos vergados. Como a vontade era pouca, um Verão de cheiro intenso e dorido, rendia 150 a 200 escudos. Enjoei o rendimento.

Pelo sim, pelo não hoje em dia não como figos… é que ainda me doem os cheiros das costas.


The Sound of Words - XVI

(Márcia e Marol deitadas na praia quando passa um barco)

Marol – Ai Márcia, olha só aquele borrachão a acenar com uma bandeirinha ali no barco!
Márcia – Onde? Onde?

Marol –
Ali aquele da tanguinha branca. Ai filha e eu sem nada para acenar também.

Márcia –
Ai não sejas parva, acena o cu Marol.



CLUBE DE LEITURA – O leitor que se segue

Os leitores, membros, visitantes e amigos deste Clube são soberanos, e exerceram o seu direito de voto. Democraticamente escrevendo, e segundo 60% dessa mesma soberania, a próxima escolha recairá sobre O Leitor de Bernhard Schlink.




Sinopse:

Michael Berg, um adolescente nos anos 60, é iniciado no amor por Hanna Schmitz, uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Ele tem 15 anos, ela 36. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta, e finalmente fazem amor. Este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece de repente da vida de Michael.

Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazis. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes.

Perturbadora meditação sobre os destinos da Alemanha, O Leitor, é desde O Perfume, o romance alemão mais aplaudido nacional e internacionalmente. Já traduzido em 39 línguas, a obra foi adaptada ao cinema, num filme nomeado para cinco Óscares. Para além disso, este romance foi galardoado em 1997 com os prémios Grinzane Cavour, Hans Fallada e Laure Bataillon. Em 1999 venceu o Prémio de Literatura do Die Welt.


Preparem os estômagos da leitura, afinem vozes de opinião, vejam o filme (antes ou depois, como preferirem porque neste caso até é muito fiel), partilhem angústias e sensações, ansiedades e outras verdades. Mas, sobretudo leiam. Leiam muito e agradeçam todos os dias não terem que atravessar o deserto do analfabetismo. E de preferência comentem.


P.S. - nas livrarias agora encontram assim...



Ausências Belgas – III (outras imagens)

Inchados os peitos que caminharam por belgas ruas de chocolate alado, na senda de outros sabores e odores e outras dores. Ruas cinzentas de um frio, a espaços, bonito deixaram parcas memórias, mas trouxeram algumas histórias. O cruzamento com uma Bintje Pave de Boeuf



deixou recheio de contentamento em chuva de sabor. O já molhado cabelo, suspirava pelo chapéu esquecido, diria até não trazido, em ruas de tom também chocolate. Uma espécie de African Town na capital da Europa sugeria mudanças capilares com metros e quilos de cabelo vendido ao preço de uma qualquer uve mijone (conhecidíssimo provérbio belga), em porta sim porta sim rua fora.



O Museu trabalhado e no qual se passaram dois dias de simpática troca de realidades, antagonizava da imagem o partido sanitário (não, não é um partido politico belga) em honra da história, a natural.



Já no interior, um compenetrado funcionário estabelecia a ponte tecnológica entre uma PSP (Play Station Portable) e os esqueletos fossilizados mesmo atrás dele, com mais de 130 milhões de anos. Concerteza jogava Dino Crisis na tentativa de melhorar a sua performance em caso de revolta de algum dos enjaulados.

Ausências Belgas – II (Desconfianças Impulsivas)

Se o gajo que nos apalpa no aeroporto, para evitar que façamos pirataria do ar por causa de uma moeda no bolso, com a cara a 5 cm da nossa diz qual é o perfume que estamos a usar, isso é impulso? Ou os seguranças Belgas são apenas simpáticos?




Se aquelas empregadas de restauração com curso de primeiros socorros, e bem vestidas, que servem aquelas pseudo-refeições a grandes altitudes, mudam a nossa mala de posição várias vezes, e falam constantemente do nosso delicioso saco de chocolates belgas e à saída ainda perguntam se estão todos, isso é impulso? Ou eles também só comem o que nos dão e têm fome?




Ausências Belgas – I (Pérolas da Sintaxe – 4)

Eu, a admirar um prato de Vogelnestje Met Spinaziepuree En Mosterdsauje: Bem, pelo menos já posso dizer que provei comida típica.

Ex - superior hierárquico sentado à minha frente versado nas artes de engenharia: Típico não, isso é tipiquíssimo!



P.S. – Para além de típico, era muito bom. Depois junto foto.

P.S.2 - Aqui vai ela...

Ausencias e Distancias

Justificadas ausencias (sem acentos) se escrevem de um qualquer aeroporto, neste caso Bruxelas, apenas para marcar uma Bilhete com outro sotaque. Depois irei juntar fotos e mais peripecias, e outros aprumos e comentarios.


Coisas do Destino

A dúvida perguntou ao medo se afinal sempre iam. O medo disse que sim, mas desde que avisassem o destino para não haver enganos. O destino depois de avisado, encolheu os ombros e percebeu que não havia nada a fazer, mas pelo sim pelo não telefonou à consciência. Esta não pode atender porque estava numa reunião. Mandou sms a dizer que ligava mais tarde. Como não dava para esperar o destino fechou os olhos, esperou, e… não aconteceu nada!



W. Sterck

Exercício: Pegar nas frases de um lado, juntar mentiras e conflitos internos, agitar bem… agitar bem e deixar escrever.

O sonho estava acordado, Já há duas noites que não conseguia dormir. Tinha dores de barriga e estava inchado de medo de não conseguir voltar a ter as noites tranquilas de sempre. Sentia as entranhas da alma na fronte do pensamento e rebolava impacientemente na sua cama de exaltação.

Contava carneiros, ouvia a respiração, cheirava flores imaginárias, meditava, pensava em paisagens tranquilas… nada. Não conseguia fazer o que sempre fizera toda a vida: dormir!

Decidiu pegar num personagem imaginário (W. Sterck), juntou-lhe mentiras e conflitos interiores e levou-o pelos campos do pensamento na esperança de conseguir adormecer.




Wanderlei Sterck vendia água de coco na praia de Copacabana, às meninas de biquíni desaparecido e fio dental, ou seja, a todas. Andava pela areia escaldante a apregoar o olho, enquanto regalava a venda. Quer dizer… isto era o que sonhava quando estava acordado, porque quando estava a dormir sonhava que estava acordado.

Mentira! A verdade é que não conseguia dormir já há muitos anos e estava inchado de medo de nunca mais o conseguir fazer. Também não se chamava Wanderlei, mas sim Wanda Sterck e era travesti nas noites de Lisboa. Talvez por isso não conseguisse dormir, pois tinha que o fazer de dia quando devia estar acordado. O desgosto que causara ao seu pai, serralheiro mecânico de profissão e de atitude, é que o mantinha vivo, e acordado, pois as danças pela noite rendiam bom dinheiro.

Mentira! Chamava-se Winthorp Sterck the III e era filho de um banqueiro inglês podre de rico e de carácter. Sonhava com as praias do Brasil e os biquínis que por lá andavam a dançar em corpos bronzeados. No entanto, tinha que trabalhar 12h por dia fechado no banco do seu pai. Era o preço do seu dinheiro mentiroso.

Mentira! Warajad Sterck Rashid era um realizador indiano de filmes sobre sonhos que nunca contavam a verdade e que estavam sempre acordados. Era viciado no corpo da mulher e muitas vezes vestia-se como uma. Sofria de uma grave crise de identidade, que se revelava muito útil para criar personagens para os seus filmes, mas que nunca o deixava dormir. Esta é a única verdade.


Quase sem dar por isso, o sonho finalmente adormeceu.


Verde Opróbrio

A cidade, a minha, amanheceu verde. Não de esperança, mas de vergonha. Este sentimento estranho de quem sofre sem fazer nada, de quem não tem intervenção nenhuma nos acontecimentos, mas que ri e chora com os resultados, deixa-me envergonhado.

Então o que aconteceu?! Perguntam as outras cores inchadas de prazer com aquela pontaria coincidente de se cruzarem connosco nos sítios onde passamos sozinhos todos os dias. Não sei o que responder, mas sinto vergonha na resposta.




Não sinto vergonha por ser adepto, mas sinto por ter no arrepio da pele o incómodo de um desfecho vergonhoso para o qual não contribuí, e até me insurgi, mas que me deita por terra a esperança, a tal verde.

A força dos homens jaz nas atitudes, no brio e no empenho das causas. Os interesses financeiros minam as paixões e a minha vergonha deve ser superior à dos que não tiveram força, mas reclamam os seus interesses diariamente. Vergonhoso.

Tenho vergonha, mas não quero apagar da memória a humilhação de um país que constantemente se subjuga a outras potências e que frequentemente deixa a marca da mediocridade, seja no desporto, seja em tudo o resto. Que este dia não se esqueça, sobretudo para que não se repita, e se mantenha bem aceso na memória dos que sentiram a cidade, a nossa, a amanhecer verde de vergonha.

Man on Wire

Ganda maluco! Assim para começar é o que ocorre a qualquer pessoa que atravesse o arame deste “Crime Artístico do Século”. Uma história de vida, da paixão de uma vida e do prazer de correr atrás dela. Um documentário muito chegado ao filme de ficção, mas com a grande diferença de ser todo com factos reais, pessoas reais e paixões reais.

Até para não amantes de documentários, como eu, a rendição à emoção é inevitável e a travessia de o ver não deixa ninguém indiferente. Não conheço os outros concorrentes, mas este parece bem merecedor do Óscar. Philippe Petit perseguiu um sonho e atravessou-o. A ver sem falta.

Orgulho sem preconceito

Era, e foi, uma vez, uma Relação que nasceu ralação. Não tinha sido escolhida, mas imposta pelas circunstâncias da vida. Era de descendência. Nutrida de estranhas formas de manifestação, foi crescendo nas agruras de cada virar de esquina sempre com muito poucas rectas.

De mãos dadas com a relação andava sempre o Orgulho. Imponente e autoritário fazia da indiferença diária a batuta regente. Era convincente. Abafava a Injustiça, uma prima afastada – por imposição -, com uma facilidade tremenda. Brandia argumentos de adulta sabedoria sem olhar a meios, nem receios.




Acabaram por se juntar de vez. A Relação e o Orgulho. Assim viveram por anos fora, cá dentro, no acomodar de um sono acordado. Nunca se contestaram de razões, mas também nunca se amaram com paixão, apenas se esfregavam mecanicamente.

Foram esgotando a vivência pelo desgaste. Pisaram respeito e cuspiram amargura, sem ternura, sem efeito.

Divorciaram-se, porque a Relação estabilizou por crescimento das partes não sendo hoje o que era. Limita-se agora, às banalidades do depois sem grande esperança de mudança. No entanto, o Orgulho continua presente.

Porquê?!

FRASEANDO #16

A tolerância é a filha da dúvida.

Erich-Maria Remarque

Erich Paul Remark
(1898-1970)

CLUBE DE LEITURA – Votação seguinte

Junto às três instigações anteriores, a opinião dada e sentida, de que só pode ser bom. Como o filme me impressionou sobremaneira aqui vai o livro para juntar aos eleitos e a eventuais opiniões dos outros membros, do Clube, não do corpo.


4 – O LEITOR – Bernhard Schlink


Amanhã estarão de lado, ali ao lado, para começar a feroz e acesa luta pelo lugar do pódio. No final apenas um vencerá, não há lugar para segundos. Até depois de hoje, podem dar sugestões.

O Leitor

O murro de Berlim. É o que me sugere este filme soberbo que me levou a uma sala de cinema atrás de uma oscarizada Kate Winslet (bem merecido), sem saber muito e sem esperar nada. Ainda bem! Pois é cada vez mais a minha predisposição preferida para descobrir novas emoções cinematográficas. As surpresas sabem a mais e as emoções aumentam no exponencial do desconhecido. Adorei!



Se tivesse ganho o Óscar para melhor filme (era um dos nomeados), também não chocava nada. Confesso que se fosse agora o meu coração de espectador não especialista teria mais dificuldade em votar, embora concorde com o que ganhou, que até foi a minha aposta.

Uma história brilhante, dura (muito dura) a provar que um bom argumento pode facilmente dar um bom filme. Um período conturbado da história mundial visto em perspectivas sobre as quais nem nos lembramos. No fundo, também uma história de amor que me deixa muito curioso em ler o livro para confirmar se o mérito está na origem. Por mim, dou 5 em 5 e considero proibitivo perder este filme.

Pérolas da Sintaxe - 3

- Jogo dificilissimo!

Rui Costa
(director desportivo slb)



M18 – Contos Lúbricos XIII (enfermos prazeres)

Abriu os olhos e o tecto era branco. Deitado em lençóis brancos, sentiu o aperto das brancas paredes a tocar o seu pijama branco. Sentia um cheiro branco a remédio e o dia ou a noite que o envolviam, eram seguramente brancos.

Não sabia se se conseguia mexer ou não, mas sentia-se leve e eternamente jovem. Voltou a fechar os olhos. Voltou a abrir. A ladear o seu leito estavam agora duas mulheres com batas brancas. Os seus olhares eram de um lascivo angelical. Destaparam-no. Despiram-no. Despiram-se.


Enquanto os dentes muito brancos de uma já rodeavam a sua glande excitada, a outra beijava-o com a dose certa de intensidade. Carinhosamente levou-lhe à boca um lindo seio de um redondo branco perfeito com um excitado mamilo em tom rosa maternal.

Mais abaixo, o outro anjo do prazer sentava-se na sua erecção surpreendida oferecendo-lhe o seu interior húmido e quente. De costas para ele e com as mãos nos seus joelhos, dançava ao ritmo lento da penetração num vaivém de brancas nádegas.

Mais acima, outros lábios vermelhos de ansiedade pousavam na sua boca deixando que a sua língua descobrisse todo o seu sabor interno. De costas viradas, os anjos dançavam. Instintivamente viraram-se uma para a outra e trocaram beijos, carícias, mais beijos, mais carícias e mamilos. Continuavam a dançar.


Como num filme, a câmara suspensa percorre o espaço revelando imagens de um homem deitado com duas mulheres sentadas em cima de si, beijando-se de excitação, e oferecendo os seus respectivos segredos molhados, em movimentos de suave luxúria. À volta uma auréola de luz branca.

A conjugação de movimentos e do ritmado prazer atingia proporções celestiais. Os anjos iam trocando de posição, apenas ele permanecia deitado. Na imensidão do tempo e das trocas, atingem o pleno dos três orgasmos numa sequência angelical de um branco estridente. O abafado prazer sorria de branca ternura.

Os dois anjos retiram-se e fecham a porta. Ele adormece de vez e para sempre.


- Podia jurar que ele estava a sorrir enquanto lhe fazíamos a cama.
- Coitado. Preso dentro de um corpo à espera que tudo se acabe, sem sentir, sem sonhar...


CLUBE DE LEITURA – Instigações

Passíveis do ainda comentário angelical, as vicissitudes do Jogo dele ainda deambulam aqui pelo Clube. As participações não têm sido acesas, mas o compromisso inicial permanece erecto: basta um de vós para que tudo continue.

Na senda das causas quase perdidas, seguem as propostas para a votação do próximo livro. Deixo três pontapés de saída, que ficam para juntar com eventuais sugestões de prezados membros. Para a semana a votação estará ali no lado direito.


1 – OS MEUS SENTIMENTOS – Dulce Maria Cardoso




2 – A TÁBUA DE FLANDRES – Arturo Pérez-Reverte





3 – O ÚLTIMO CABALISTA – Richard Zimler




Exposição de Barahona Possollo

Noite de inauguração diferente em tom mais quente. Mas como a Arte é dom de quem cria, muito prezado se viu este artista. Muita qualidade em pintura quase fotográfica, não obstante os temas, mas que a mim ignorante nestas andanças me convenceram pela pincelada.


A exposição está patente de 5 a 29 de Março, na Sala do Veado no Museu Nacional de História natural. Aqui fica o site do autor em jeito de continuação da demanda de divulgação cultural, sobretudo a de qualidade.




A subtileza das mensagens, nas imagens nada subtis (se calhar a PSP ainda aparece por aqui para fechar este blogue) dá força a uma expressão artistíca e pessoal traçada em tons quase tridimensionais. Parece que os quadros nos olham e que podemos tocar aqueles corpos. A não perder.


P.S. – Os pormenores morrem no tamanho. Quando lá forem vejam este papel de parede...

O Tigre e o Zarolho (Conto Chinês em qualquer país)

Numa floresta de cimento urbano, mas verde, vivia um Tigre que não era zarolho e um Zarolho que não era tigre. Eram amigos desde a infância e suavizavam o passar dos anos em animadas conversas de índole Marxista/Leninista numa perspectiva de implante político de silicone opressivo e obsessivo.

Juntos se consideravam e olhavam o mundo (um deles assim de esguelha) na ilusão jovem de quem consegue tudo e não tem muito com que se preocupar. Até que um dia, já depois de ter saído de casa dos pais, o Tigre foi despedido da fábrica de automóveis onde trabalhava ia já para uma mão cheia de anos, mas vazia de indemnização.



Caído nas malhas do subsídio de desemprego começou a perder o lustre nas riscas e a pose felina, enquanto se arrastava de formação em formação pelos centros de emprego à espera de uma proposta milagrosa. Enquanto isso, o Zarolho ia subindo degraus na sua gorda carreira de sócio/gerente de uma fábrica de óculos escuros, que aliás usava sempre - dia e noite.

Errado dia, cruzam-se no corredor da casa que partilhavam, e momentos antes de o Zarolho falhar a porta da casa de banho e dar uma marrada na ombreira, o Tigre cai de fome aos seus pés. Surpreendido, o Zarolho fecha um dos olhos e repara pela primeira vez como ele estava pálido e magro. Umas malgas de água com açúcar depois, o Zarolho deixa cair o queixo (que o Tigre comeu logo tal era a fome) ao inteirar-se de que o seu amigo de vida, e de casa, estava no desemprego, sem dinheiro e com fome, quase há 1 ano.

Sentido vergonha na já rubicunda face, acalmou o Tigre dizendo-lhe que não se preocupasse porque tinha muito dinheiro no BPN e ia ajudá-lo. Aliás, estava com ideia de investir num negócio de um Freeport e ia nomeá-lo gestor do projecto.

Alguns dinheiros depois o Tigre perdeu a palidez e a fome e ganhou prosperidade financeira, ao mesmo tempo que abraçou a carreira política. Fundou o PND (Partido do Novo Dadaísmo), uma nova força de extrema esquerda e direita com assento no meio. Perdeu as riscas de vez e ganhou pêlo na venta, sendo por isso, agora, um Leão.

Entretanto naquela floresta, rebentam alguns escândalos que afundaram o Zarolho (qualquer coisa a ver com o banco parece), mas mantiveram o Tigre, isto é Leão, bem à superfície da conjuntura político-social. O Zarolho tentou fugir para o Brasil, mas esqueceu-se de fechar um olho e comprou um bilhete para Braga. Acabou por se envolver numa empresa de parques, mas deu rolho também.





Moral da história: Em terra de zarolhos, quem foge às riscas é o rei!

The Sound of Words - XV

- Ganda jogo pá!
- Olha, olha… queres ver… rematou… gooolooo!!!
- Ah que Tonel, ganda golão!






P.S. – Para os menos familiarizados, aqui está ele: António Leonel, conhecido no futebol por Tonel!


FRASEANDO #15

A amizade pode terminar em amor, mas o amor em amizade - nunca.

Charles Caleb Colton


Charles Caleb Colton
(1780-1832)

Hoje sim (zento)

Cinzentos são os ventos da discórdia. As palavras que se dizem, e escrevem, podem ter todas as cores que lhes quisermos dar, mas também podem não ter nenhuma. Nem tudo é preto e branco e não se pode descartar a mistura das duas: o cinzento.

Cinzentas são as injustiças nas análises comportamentais dos indivíduos. As atitudes que se tomam nem sempre são o reflexo do coração, mas sim o da cabeça. Quem és tu para me apertar o pescoço à espera que cuspa respostas claras?! Acções? São contradições. Mas é disso mesmo que somo feitos.

Hoje também podia escrever sobre muitas coisas, mas não. Não escrevo sobre nada e no entanto digo tudo. Que é quase nada. A pressão do ambiente circundante faz parte do mergulho da vida: é preciso aprender a respirar nele. A dor que nos impele num sentido não se explica, sente-se! Somos sabão em mão que aperta, quando se escapa não se sabe bem onde vai parar.



Hoje podia escrever sobre o cinzento. E escrevo. Faço desta cor a ode à loucura que é viver. Erguer das trevas sem força para o fazer tem este preço. Quem és tu para me criticar o que não faço?! Decisões? São opiniões. E é segundo elas que vivemos.

Cinzento é o texto que não se percebe, mas que se sente. Gritar é o silêncio de amar no escuro, sem futuro. Ouvir é o reflexo do sabor amargo da injustiça. As traições, não se sabem que o são até que elas aconteçam. A verdade será sempre lei, mesmo que não se perceba. Nem tudo é preto e branco.

Quem és tu para querer colorir o meu cinzento?!

O Nome da Rosa

Umberto Eco(ou) ontem no Convento de Cristo em Tomar para nós (e para outros 60) como o faz desde 2004, numa peça que dura 3h + 6 momentos de refeição, o que dá qualquer coisa como 5 horas, mas das pequenas, porque o entusiasmo é tal que não se dá pelo tempo a passar.




A originalidade desta representação (muito característica dos Fatias de Cá) transporta o publico com os actores pelas salas do convento, com 6 passagens pelo refeitório (excelentes para retemperar forças, comer e discutir animadamente sobre o que se viu e o que se irá ver) numa adaptação fantástica, diferente, envolvente e empolgante deste emblemático romance. É verdade que nada substitui a leitura e a 7ª arte que me perdoe (e o Sean Connery também), mas estar ali ao lado dos actores (na sua maioria amadores, mas com grande brio) a viver a história em todas as salas, andar com eles, comer com eles e sentir cada momento na pele (frio incluído), dá uma imensidão muito mais vibrante da história.

Vale toda a distância percorrida, a hora a que termina a um Domingo (+/- 23h), com o posterior regresso, e o preço (que é irrisório em relação a tudo o que oferece). Permite conhecer o Convento de uma maneira diferente e em sítios onde normalmente não se tem acesso, é um excelente meio de divulgação cultural e do património e merecia uma muito maior divulgação. Uma peça que está em cena há tanto tempo e que é mais conhecida pelo boca a boca do que por qualquer outro meio.



Temos que divulgar e ter orgulho nas coisas boas (aliás, muito boas) que se fazem por cá. Uma experiência totalmente diferente não só em termos de teatro como de gastronomia. É escandaloso, eu diria quase criminoso, perder a possibilidade de viver esta aventura.

Como bónus, e para tornar tudo ainda mais excitante, podem sempre deixar a carro aberto com a chave na ignição durante 6 horas em frente ao Convento, a ver se têm sorte. Nós tivemos!



Estrela-do-mar (uma história infantil para adultos)

Foi uma vez uma estrela, que já era mas ainda não tinha sido, do mar. Estava no fundo de um oceano de tempestades, mas mantinha sempre a mesma tranquilidade singela de um repouso sereno, mas expectante na procura.

Certo dia, que foi certo pelo destino, decidiu mover-se de uma rocha para outra para procurar um melhor abrigo, das intempéries de vida e do pouco alimento situacional da sua posição. Esta movimentação, que pela curta distância aparentava ser segura, foi interceptada por um Tubarão de Sesimbra que vagueava nas redondezas em busca de alimento.



Aparentemente assustada, a Estrela-do-mar tentou ficar muito quietinha para que o Tubarão não a visse e seguisse o seu caminho. Só que este tubarão tinha umas lentes (com desconto igual à idade) e topou logo aquela estrelinha assustadiça. Aproximou-se de dentes afiados e… não fez absolutamente nada! Embasbacou-se, emparvalhou-se e deixou-se ficar de boca aberta.

Seria um tubarão temático? Pensou ela, desiludida por não ter sido comida. Não satisfeita com a desfeita, afinal tinha-se movimentado no seu melhor vestido Carmim Fundo, decidiu enviar flores com chupas ao Tubarão para que ele não se esquecesse da sua atitude tão pouco condizente com um macho da sua estirpe aquática.

Águas passadas sobre a recepção das mesmas (flores com chupas), o Tubarão indaga por mais movimentações da Estrela-do-mar e numa tentativa de salvar a honra tubaronense envia uma mensagem por búzio electrónico a agradecer as mesmas (flores com chupas). A partir daí várias mensagens se trocaram (por búzio e telefone de concha) em direcção a outros mares nunca dantes mergulhados.

No entanto, o Tubarão nunca mais se decidia a comer a Estrela-do-mar (o que a deixava profundamente, de profundidade, furiosa) e esta não foi de modas (até porque sempre vestiu atitudes diferentes): voltou à carga com uns deliciosos biscoitos em formato de gengibre do mar, que deixaram o Tubarão profundamente extasiado, especialmente da barriga.

Algumas trocas depois e um doce telegrama via Express-Fish, decidiram encontrar-se para partilhar um belo bife (de atum) com ovas a cavalo e molho portugália aquática. Vários encontros se seguiram até que um dia a Estrela-do-mar convida o Tubarão para conhecer a sua rocha da alta e quando finalmente o Tubarão se preparava para a comer (à Estrela) ela esfrega o seu cavalo-marinho pela paredes da garagem da rocha, numa atitude de demonstração de poder profundamente feminino, isto é, contraditório.

Deliciado com aquela demonstração, o Tubarão entusiasmou-se e começou a viajar para Sul com frequência para estar com a Estrela-do-mar na sua rocha da praia. Às vezes era ela que viajava para Norte.

Decidiram parar com as viagens e juntaram-se na mesma rocha onde ainda hoje vivem. A Estrela-do-mar atubaronou-se e o Tubarão tornou-se estrelado. Não se percebeu bem como se fundiram, mas alguma coisa aconteceu e os dois estão vivos e felizes.




Adenda Infantil - Vá lá alguém perceber o moral desta história. Crianças: não digam aos vossos pais que eles se comem porque não há nada por escrito.

Adenda Adulta – É claro que ninguém come ninguém e podem contar esta inocente história aos vossos filhos. Afinal é só amor entre espécies diferentes.

Adenda EspecialParabéns!

Adenda Temporal – Esta história foi ontem, mas a validade é eterna.