Um dia destes…

Beber da origem, ir ao amâgo da questão no berço da teoria. É a garantia de aprender melhor e com quem sabe. Havemos de lá ir!





Depois das técnicas dominadas, só temos que aplicar pelo mundo fora. Aqui fica o cardápio, é só escolher!





P:S. – Este é o resultado de estar a contar os dias que faltam…são 3!


Preparativos

Ainda não saímos de cá e já percorremos o caminho várias vezes. A emoção e a vontade já nos ligaram o fim ao princípio, e regresso, vezes sem conta. Mapas e ideias, sugestões e roteiros, listas e reparos, material e preparos. Tudo bem arrumado na bagagem da partida e contagem ansiosa de minutos…

De Norte a Sul, com Centro pelo meio vamos conhecer o país tal qual ele se diz. Estradas e estradinhas, becos, ruelas e calçadas, poucas auto-estradas, salas, quartos, pensões e pousadas! Ansiamos da partida o início e do fim a distância. Duas rodas chegam para a aventura e ainda leva condutor e pendura! Bagagens de mão e outras que não, cintas muito hi-tech, tudo impec!




Escolhemos trouxas e roupas, arrumamos espaço e imaginação, este vai, este não. Este fica, aquele tem que ser, este sempre estica, e o outro?! … a ver! Na mala da vontade vai a alegria, a partilha, o sentimento, o gosto e a certeza do caminho, na mala da necessidade vai tudo o mais que ainda couber! Se der!

Faremos da estrada narrativa e das fotos escrita partilhada, para fazer da partida relato e da sequência a chegada! Vamos à descoberta, mas uma coisa é certa: sem tretas nem lérias, o importante é que vamos de FÉRIAS!




Crónica do descanso

Sorrio na apatia das mãos de segunda-feira e penso que a vida tem momentos de escrita poética. Afinal somos uns privilegiados! No meio de todas as dificuldades, queixas e azias, vamos passando por experiências e vivências deslumbrantes, dignas de registo para a posteridade.

O Sábado que passou foi iluminado por dois excelentes mergulhos em Peniche: Gruta do Rabo de Asno e Vapor do Trigo (destroço). O tempo ajudou, a expectativa também e o sempre agradável passeio de barco para os spots foi brindado pela surpresa e pelo bónus da circunstância. Sem palavras para não atrapalhar o brilho das imagens…




O Domingo que se seguiu trouxe à tona da memória os tempos de pedalada incessante. Rolar com suavidade, devorar metro atrás de metro, perseguir distâncias e objectivos. O prazer de ser o motor do veículo, faz da dificuldade a alegria do esforço alcançado e suado! Subidas, descidas, vento na cara e pedalar, pedalar, pedalar! Foram só 50 km que para regresso já não vai nada mal… algumas peças ainda se queixam das dores!




O pináculo do dia ainda trouxe mais um troféu do Guadiana, porque vencer aqueles vencidos é uma alegria que dá para toda a semana! Verde de prazer, preparo-me para os dias que faltam. Venham eles!



P.S. – Pensamento do dia: está a começar, mas é a última antes das férias!

Menos Mau

Força onde não há mais
Procura de apoio certo
Luta de peito aberto
Dúvidas e outras tais
São leques refrescantes
São dúvidas constantes

Bóia de salvação
Na tona cinzenta
Flutua e aguenta
Ondular de razão
Chapinha sem dor
Amarra de vigor

Pensando e andando
Caminho de esperança
Crescer da criança
Coração pando
Sorrir de chegar
Acordar de sonhar

Focar no sentimento
Ajuda da partilha
Completa maravilha
Dá força e alento
Saúda ventos alados
Perde sonhos achados



Menos Bom

Satisfações diárias não são vontades contrárias. São necessidades que todos temos e poucos alcançam, na pequena vitória da motivação de fim de dia. Quem diria?! Que fulano andava descontente, nem parecia. Ninguém esperava uma coisa destas. Que pena, tão novo…

Não sabemos dos outros os silêncios, as angústias, as vontades, as boas e más disposições. Ilusões?! Estratégias! Capas de sorriso a esconderem frustrações constantes. E desgastantes! Rebentamos por vezes pela fragilidade do apoio desencontrado.




Festas de cinismo, abraços de má vontade, risos amarelos de sacanice e dentes mal lavados, uns procurados, outros achados. A verdade no fundo, está longe da podridão da superfície. Estou farto! Estou cansado! Tenho dores na cara que não quero ter.

Os círculos fechados são os mesmos e fedem como sempre. Descontente?! É aparente! São curvas de humor sinusoidal, que de esforço sabem mal. Arrancam-se dentes na boca da vergonha, com craveira de apatia agoniante. Só mais um instante! No fim vai valer a pena.

O difícil é lá chegar… são muitos anos!

Quem paga?

Servimo-nos dos serviços que temos à disposição. Pagamos por eles e como tal, somos proprietários de alguns direitos. É só levar e montar, nada mais fácil, paga daqui leva dali, dois toques e já está! Tudo muito simples e qualquer gebo consegue. Mas e se corre mal?!

Acertadas agulhas de agenda do difícil e quase incompatível tempo livre, lá conseguimos escolher o dia da compra, o dia da montagem, o dia da entrega, o dia em que dá jeito lá passar, enfim… uma combinação de acontecimentos que implicam o alinhamento da lua com a sétima casa de Saturno à esquerda do eclipse, no preciso momento em que a carta astral diz que sim e a conta bancária também! Esta janelazinha de oportunidade é muito difícil de conjugar, de maneira que tudo está bem até ao momento em que deixa de estar!

Exemplo 1: Armário AKIano em plástico termo não sei quantos. Olhamos, experimentamos, abrimos portas, medimos prateleiras, fazemos contas (em cm e em €), e escolhemos. É este! Referência tal, tem fotografia e tudo na caixa para não haver engano… e toca a carregar para casa. Rebater bancos do carro, enfiar aquilo lá para dentro ao pontapé, irra que é pesado, afinal é maior do que parece, e agora não apetece. Alguns dias depois, lá se alinha tudo outra vez e arranja-se tempo para ir para a garagem montar tudo. 200 peças depois, bem espalhadinhas no chão e já com metade montado… espera lá, mas este não é o da fotografia! Pois não, não foi este que escolhemos! Mas a foto da caixa está bem! E agora?! Desmontar tudo (que neste caso é muito mais difícil) arrumar o possível na caixa e levar de volta… rebater bancos, etc. até ao princípio.

Naturalmente não há problema na troca, pedem muita desculpa, mas foi o fornecedor e tal e coiso, e carrega tudo outra vez e rebate bancos e pontapés e isso tudo. E agora esperar pelos astros outra vez até montar tudo. Ficou montado. Mas e as viagens a mais? O tempo? A gasolina? A paciência? Quem paga?




Exemplo 2: Sofá IKEAtico de 18 cantos, 9+9 com 3 camas e piscina. Mais uma vez, olhamos, experimentamos, mudamos almofadas e capas, medimos espaço para rabo e pernas, fazemos contas (em cm e em €), e escolhemos. É este! Referência tal, fotografia no catálogo, com a cama montada e tudo e vamos a isto. A funcionária em 2 segundos faz a encomenda (até nos entreolhamos pela rapidez) e dá-nos um papel com 3 referências: a do sofá, da capa e a da cama. Pagar, marcar entrega (num pequeníssimo intervalo de 4 horas e é se queres), conjugar a dita janelinha e lá se acerta a data.

Dia de entrega, montagem de expectativas e desmanchar ávido da panóplia de caixas. Algumas almofadas mais tarde, está o sofá montado, com todas as capinhas postas, impecável! Falta a cama. Roda daí, puxa daqui, deve ser antes assim, abre para este lado, não vês que é para o outro?! Mas espera lá… esta cama não é daqui! Verificadas as referências tudo parecia bater certo. Vai mesmo de telefone, referências para lá referências para cá, números do talão, do telefone, contribuinte e mais 500 números. Resultado: a funcionária super-rápida trocou a cama do nosso sofá pela de outro da mesma gama mas de outra fisionomia.

Novamente se alinham os astros, marca-se a data (e as 4 horinhas de intervalo) e neste momento espera-se o dia para se fazer a troca. Até lá temos um mamarracho no corredor e um sofá incompleto. Logo hoje que por acaso me apetecia dormir na sala! Quem paga?

Pago eu! Pagamos nós. Pagam todos os que passam por isto. Não é grave e tudo se resolve, mas passamos impávidos e serenos pelas contrariedades de não ter o que queremos, quando queremos e, sobretudo, quando pagamos por isso. Eu também tenho culpa que não faço nada mais se não desabafar. Aqui ficou!




Domingo


Sábado

Continuo a não gostar muito. As vicissitudes da vida e as socialites impostas ainda me causam arrepios na nuca. Cada um faz as suas opções, tem os seus gostos e vontades. Mas as vontades que o são apenas porque o devem ser, deixam-me um bocadinho revoltado. No entanto, como ser contraditório que também sou, lá fui!

Teve contornos de originalidade, patentes desde logo pela escolha do local. A vista era a que se vê. Aproveitada que foi a fuga à cerimónia não concordada, da altura fiz a oportunidade do disparo aqui apresentado. Continua a ser imponente a monumentalidade da coisa, não o significado, e a altura de prazer resulta num vislumbrar de margens. Que imagens!

Da diversão se fez recordação, da memória se fez dança, do riso se fez alegria e dos passos de novo criança. Estes carapaus fizeram das horas minutos e do tempo saudade. Surpresos da surpresa, sorrimos a escolha feita. Sem maleita!

Saboreámos bem e partilhámos ideias com conhecimento. Abraçámos vontades e saudades, conhecemos vidas a cumprir e já cumpridas. Apreciámos toques de diferença e preocupação pormenorizada. Foi cuidada!

Que sejam felizes…

Sexta

Não sou. Tenho que reconhecer que não sou. Vou de vez em quando e não percebo muito do assunto. Sou um filho confesso do cinema e até me esqueço desta arte, que vem dois lugares antes da 7ª, sendo 5ª pelo manifesto.

No entanto, rendo-me às evidências das circunstâncias e presto a minha homenagem a 1h de energia e admiração. O fulgor de tanta personagem numa só pessoa, os diálogos a uma só boca, a variedade de expressões a uma só cara, o diferenciado guarda-roupa a um só lenço. O riso, o choro e todos os demais sentimentos antagónicos, couberam naquela brilhante interpretação da Carla Galvão - que merecia daqui um reconhecimento universal para todo o lado.

A acompanhar, um músico que tirava som de tudo e de nada. Que imaginação, que musicalidade em cada gesto pensado, qualquer objecto emitia um som puro e limpo de intenção. Até os sons próprios tinham nome. Quando se consegue estabelecer uma relação tão próxima com a música, atinge-se um patamar de plenitude emocional e transcendental ao alcance de muito poucos predestinados. Fernando Mota é um deles, e merece cada bocadinho de elogio multiplicado por tudo! Agradeço-lhe a riqueza de experiência que me proporcionou.

Contos em Viagem – Cabo Verde, foi talvez a emoção teatral mais intensa a que tive o privilégio de assistir. Se quiserem fazer um favor a vós próprios, tenham a inteligência de não perder esta peça por nenhum valor mais alto que se alevante!



Fim DA Semana

Passou. Já lá vai. Foi dura e comprida, mas cumprida. Mais duas destas e a coisa dá-se (dass!). Será o descanso do escriturreiro, que é um escritor guerreiro da blogolândia! Ficou e marcou uma página de história que serve de intenção Kodak: para mais tarde recordar!

Teve pseudo-subidas, muitas descidas, conquistas, avanços (que é a peça que prende o guiador de uma bicicleta) e alicerçados movimentos. Momentos. De pausa, descontracção e sala com assento novo. Exercício e nutrição. Porque não?!

Além disso, senti-me velho! Senti-me velho pelos velhos e por ter visto um treinador que não via há 20 anos. Fez parte do meu crescimento e faz parte de uma das minhas maiores colecções: a de memórias! Passou aqui onde trabalho, a fazer aquilo que sempre o vi fazer com a alegria que ainda me lembro. Uns brancos e uns quilitos a mais, mas a essência está lá e o Bossa também.

Impeli a perna na direcção da conversação, mas levei tanto tempo a sorrir no interior das recordações que acabei por deixar escapar a oportunidade. Mas o sopro de memória ficou e fez-me sorrir, embora me tenha feito pensar no longe e na distância – 20 anos?! Eu que ainda ontem limitava as recordações ao anteontem, já vou em 20 anos?! Tou velho!

Mas entre casamentos e sofrimentos o fim-de-semana promete que me vou molhar. Regresso à minha envolvência preferida, ao meu ambiente e, por isso, estou contente! Bom fim da semana…


Pensamentos Métricos

Lágrimas de choro vertem
Passados de angústia
Memórias erradas
Partilhadas
Sonhos usados restem
Barcos de apoio
Vidas usadas
Faladas

Partilhas de errados momentos
Conflitos fora de tempo
Medos gastos
Suspirados
Desfraldados sentimentos
Mareações enjoadas
Falsos fastos
Usados




Confusão escrita de vida
Aquiescido terror
Sem temor
Conforto
Naufrágio de missão ida
Afundado horror
Sem dor
Morto

Renascido momento brilhante
Agradecido
Reconhecido
Dedicado poema falante
Pensado
Desenhado



Viver

Um final é sempre um final. É um terminar, é afinal o final de qualquer coisa. Depois de uma vida inteira a subir, chega sempre a penosa hora de descer lentamente os degraus da conformidade. Adormecer no vazio do desconhecido, sem saber se há um novo dia a seguir, sem planear nada e apenas esperar!

Esperar pelo destino certo, enche de medo o mais forte dos corações e mata qualquer esperança. E a confiança? É abalada, quiçá desaparece como areia entre os dedos. E os medos? Aumentam da convicção o crescente da aceitação. Dar a mão?!

Cada ruga de experiência acarreta horas de solidão. É verdade que colhemos o que plantamos ao longo do caminhar, mas mesmo assim ninguém merece o abandono da idade e a luta desigual da incapacidade. Caminhar na direcção do fim, acarreta a responsabilidade de encarar os factos: vamos todos passar por isso!





Sinto da dúvida interna, a dúbia luta entre a raiva que vivemos e o desgosto de não fazer nada. Sinto incúria na vontade, mas não percebo o que digo. Não sei o que sinto. Mas incomoda e deixa-me inquieto no pensamento. A qualquer momento…

Divido a esperança por mim e pela criança. Já fui e aí tudo era diferente. Cresci no afastamento das vontades e apalavrei decisões e criei confusões e persegui ilusões.

Pensar no quê e não conseguir o como, aterroriza-me o quando!

Antevejo da questão o reconhecimento do meu dia. Sei que não há fuga para ele e também espero. A grande diferença é que não espero sozinho! Espero a crescer no pensamento partilhado da companhia.

Não sei que fazer, não sei que dizer… só me resta escrever!

Workshop

Toque. O poder do encontro na ponta dos dedos e na palma da mão. Sentir um corpo. Deixar fluir vontades pelo movimento. Um momento! Não um corpo, o corpo! Efectivar conhecimentos, solidificados com sentimentos e partilhas.

Aproveitar esta loja de trabalho para retirar o prazer da descoberta, e foi oferta! Viajar na pele da vida, sabendo que o óleo ajuda na procura. Deslizamento, que unguento! Cruzado, que achado! Amassamento, que momento! Drenagem, que aterragem!




Sentir a aproximação do interior pelo toque do conhecimento. Aquele centímetro de pele eu sei, aquele eu vi, aquele já senti, aquele também cheirei… e gostei! Dar mais passos na direcção do caminho, e nunca sozinho, ao som da calma que se cheira. O ambiente, estou contente, o aroma da satisfação, porque não?!

Porque sim! Que partilha sentida nas vontades de saber mais. Aprendemos da razão, o mergulho das almas num mar que é nosso, e se posso, como não tem mal, foi mesmo um grande final!

Mais uma volta


Danças, esquemas e dilemas fazem da paz nascida o preparar do novo dia. Treinamos, combinamos, suamos e da vontade fazemos volta certa. Mais aqui senão aperta. Um passo, um compasso, uma fila aberta. Movimentos de esperança e o preparar da sequência, atrasados pela vida, paciência!

Interessa é dançar e sentir, sobretudo o que está para vir. Mais uma volta. Esquerda da senhora, direita do homem. Acaba como começou. E se foi já passou! Sorriso de alcance desenhado, melodia de esforço sentido, e cumprido.

Luz média de jantar, sabor diferente de sonho e risonho. Paladar desconhecido apazigua, uma vontade que se quer seja nua. Mais uma volta. Apanhar do ritmo o atraso no fácil sentimento do batimento.

Corpos dançados no cansaço, envoltos no som de um abraço. Juntam vontades de aço. E dançam, cumprem da coreografia paixão. Basta apenas dar a mão…

Mais uma volta!

Criticar

Criticar é o acto de exprobar.

Exprobar é o acto de vituperar.

Vituperar é o acto de aviltar.

Aviltar é o acto de envilecer.

Envilecer é o acto de vilipendiar.

Vilipendiar é o acto de desprezar.

Desprezar é o acto de postergar.

Postergar é o acto de pospor.

Pospor é o acto de protelar.

Protelar é o acto de procrastinar.

Procrastinar é o acto de protrair.

Protrair é o acto de adiar.

Adiar é o acto de transferir para outro dia.

Transferir para outro dia é o acto de não dizer hoje o que podia. E como isso eu não fazia…




Sabendo, agora, que criticar acarreta todos estes actos, faço das palavras desculpa por este peso todo que não percebia dos factos. Sinto amor no que digo, mas pena no que faço, se da opinião emitida produzo dores no umbigo e respectivo inchaço.

Não foi ventado por mim a razão do maldizer, foi procura de razão, no meio da confusão e na ponta do saber. Retrato da culpa formada, a imagem da partilha de vontades… e tu sabes! :)



Se há no mundo alguma coisa especialmente difícil e para a qual, apesar disso, nos sentimos preparados, é a arte de criticar.

J. L. Martín Descalzo

Escritas

Não conseguia dormir. Esperava ansiosamente que lhe fossem dizer que eram horas de levantar. As malas já estavam no corredor, prontas para irem para o carro e estavam tão nervosas como ela. Coitadas, uma noite inteira de espera no corredor. Ela ao menos podia rebolar na cama, apesar de também não conseguir dormir.

O6h da manhã! O cheiro a explosão de alegria pairava pela casa toda. Ela e as malas, não viam a hora de se fazerem ao caminho. Ímpetos travados pelos pormaiores de última hora que eram mais que muitos, e lá se inicia a viagem uma quantidade enorme de horas depois. A vantagem de não dormir na noite anterior era que ela, a sua almofada e o banco de trás fundiram-se num só e ao acordar, como que por magia, já lá estavam!

A primeira vontade, como em todos os anos anteriores, foi a de correr directamente para a praia, para saber se já tinham chegado todos. Todos, quer dizer… o todos até não a deixava muito ansiosa, ela queria era saber se ELE já tinha chegado. No entanto, o seu impulso de paixão, foi logo refreado com um doloroso e interminável descarregar do carro. Já para não falar em arrumar a roupa nas gavetas e as mercearias na dispensa.

- Já posso ir para a praia?! - Suspirava ansiosa e com o seu ar mais sofrido.

Bilhete de autorização finalmente na mão e apanhou o autocarro da expectativa com paragem única no destino desejado. Assim que os seus pés pisaram aquela areia quente de saudade, sorriu do alívio … afinal ELE já tinha chegado!

Claro que tinha chegado, todos os anos chegava primeiro que ela. Todos os anos era o primeiro a chegar, por mais que ela se esforçasse! Embora desconfiada do como, não era isso o mais importante. O que realmente fazia palpitar o seu coração é que ele continuava com a mesma beleza de sempre, com a frescura que se lembrava, com a imponência que tanto a apaixonava.

Correu para ele, como se fosse a primeira e a última vez que o faria. Não aguentava mais a saudade e tinha que lhe tocar…

O seu mar de paixão continuava igual ao que se lembrava. Ano após ano, mantinha a sua juventude e força. Mergulhou naquela água cálida e sorriu ao sentir a envolvência do seu amor de sempre!





P.S. - Exercício do curso de Escrita Criativa - Junho de 2008.

Tédios

Trabalhar. Escrever. Pensar… Sentir o calor das férias a soprar na vontade inversa de fazer o que tem que ser. Sonhar com o lá fora, suspirando de contrariedade. E na verdade?!

Na verdade, sentimos a praia da vontade a marear na obrigação contrária do desejo. E se vejo?! Se vejo, desespero das veias ar puro de partida numa contenda fugida. As paredes engolem o espírito do viajante, num grito constante de liberdade não permitida.

As obrigações impelem as circunstâncias no sentido da direcção e urticam da pele a partida longínqua. Ansiar pelas próximas paragens no autocarro de todos os dias, torna o trajecto penoso e esburacado.

Curtas as palavras de hoje, vencidas pela obrigação do que não apetece. Nem sempre acontece…



Bilhete de Seguida

Massagens de vida
Pele de experiência
Deixam nas marcas do sonho
Sabor suave de medronho
Passagem cumprida
Voz de vivência

Passos de progenitor
Alcances de distância
Fazem da vida o certo
Do momento o concreto
Pedem com alguma dor
Abraços de militância

Damos do tempo a verdade
Fazemos do possível a vontade


Carinhos que sabem
Palavras que dizem
Dançam da ilusão
O traço de uma mão
Que do mal faz bem
E da divisão gizem

Segue a mesma viagem
No laço da partilha
Sem asas de alcateia
Sem pisar a mesma teia
A dois sem paragem
A espreitar pela escotilha

Damos do tempo a vontade
Fazemos do possível a verdade




Famílias

Raízes, ramificações e árvores genealógicas fizeram da cruzada partilha, os dias que passaram. Casaram uns, apresentaram-se outros e conheceram-se muitos. Foi duro, foi de enxurrada, mas passou-se da imagem a linguagem do conhecimento. Foi de peito, está feito e não padece de aparvoamento. Saltaram-se barreiras desconhecidas e conquistaram-se encruzilhadas e vidas.

Este é o Albano, filho do bacano, primo de fulano e irmão do que toca piano. A prima, a filha, a neta e a mãe da maravilha. A sogra, a irmandade, o genro e a verdade. Este é irmão do quem, que é filho do mesmo e primo de alguém. Aquele nasceu do igual, cresceu do futuro e ainda não faz mal. O do meio é tio da ponta e pai do lado, mas isso não conta nem é achado. O avô é pai do tio, o filho neto do que se viu e a avó parece que fugiu. A mãe casou outra vez, a nora que nunca demora, dos dois passou a três. Ali, os netos que já são bis de segunda ida, primos dos anteriores e filhos de vencida.





Do cansaço da jornada, ficou a vitória alcançada e a dança da partilha pelo contentamento. Gostámos de os ver e de os ter por cá. Voltem sempre e dancem muito, que da alegria faremos conjunto e continuaremos a agradecer, as ofertas que o Universo nos dá!

E como as coisas são às maneiras, ainda fomos a jazz ouvir Oeiras!

Beijos de Fim-de-Semana

De todos os planos possíveis, este não é um deles… fica a lembrança de um que já foi. Atenção ao amor latente ou patente – dependendo se a perspectiva é do polvo ou do mergulhador – na acção manifestada do gesto.







P.S. – Obrigado aos Vandos por estarem lá, ao DOM pela edição do vídeo e ao Zé Polvo por se deixar beijar!

E VÃO 100!


100 Bilhetes, 100 viagens e outras tantas paragens. Comecei da piada a ideia e ganhei o vício da escrita diária. Fiz da imaginação criança e sorri das linhas confiança, porque a palavra sempre alcança.

Fui surpreendendo degraus de escada própria, num caminhar divertido e não esperado. Admirei muito os retornos e até ouvi, lido por alguém, na telefonia da globalização. Senti conforto na passada e descobri novas vontades. Fiz da escrita criativa, uma paixão ofertada no sentimento recebido e cumprido! Ainda por cima com continuação…

Descobri que a força do sonho, deve ser escrita para não esquecer o que de memória não se pode dizer. Eternizo conjugações de vontade, exclamações de dúvida, perguntas de certeza e imagens com certeza!

Assim se fizeram escritas de partilha nesta viagem de ida. Aqui está o Bilhete para sorrir e usar!


P.S. - Obrigado a todos por tudo, sobretudo pelo incentivo da descoberta!

Justiceiro

Stan Lee apresenta: JUSTICEIRO INCONFORMADO!

Ainda influenciado pelos perfumes da Marvel recente, renovo os meus desejos de super-poderes. A vontade de fazer justiça incógnita pelas minhas próprias mãos, cresce na vontade da minha raiva.

Acalento da criança em mim, o voar mais alto da vida. Numa batalha de esperança, chamava a mim todas forças do universo e justiçava! Justiçava muito, até me doerem as asas da concretização.




Fazia da minha capa de inconformado, a espada da verdade e cortava, cortava, cortava até não poder cortar mais. Apertava o pescoço dos mais parvos até à rouxidão e quando tivessem os pés no ar, abanava-os até partirem pela costura da irritação, atirando depois a vitória contra a parede.

Usava o super-poder do sonho para perscrutar na realização das vontades, com a visão raio-x analisava a maldade dos pensamentos alheios, com a minha sensorialização super poderosa antevia as jogadas idiotas dos que me rodeiam e depois… depois aplicava castigos só com o poder da mente! De vez em quando também distribuía umas galhetas bem dadas. Já tenho uma longa lista de candidatos!

Ou então não! Vestia o meu super-fato e saía por aí super-orgulhoso com o meu super-ar-super! Tipo este... O Super-Parvo! Que olhar ameaçador...


Momentos – II

Juntos. Nossos. A dois.
E depois?!

Seguidos, vividos
Claros, diferentes
Abatidos, sofridos
Unidos, contentes

Especiais, são demais
De beleza, com certeza
Diferentes, nunca iguais
Escondidos, e ouvidos
Escolhidos dos demais

Seguros, maduros
Certos, discretos
Concretos e abertos

Eternos, modernos?
Garantidos, cumpridos

A sós em nós
Acompanhados
A uma só voz
Desamparados

Contentes, videntes
Verdadeiros, os primeiros
Sentidos, os escolhidos
Entre nós, entre as gentes
Suspirados entre dentes

Agradecidos e comovidos!