Sexta

Não sou. Tenho que reconhecer que não sou. Vou de vez em quando e não percebo muito do assunto. Sou um filho confesso do cinema e até me esqueço desta arte, que vem dois lugares antes da 7ª, sendo 5ª pelo manifesto.

No entanto, rendo-me às evidências das circunstâncias e presto a minha homenagem a 1h de energia e admiração. O fulgor de tanta personagem numa só pessoa, os diálogos a uma só boca, a variedade de expressões a uma só cara, o diferenciado guarda-roupa a um só lenço. O riso, o choro e todos os demais sentimentos antagónicos, couberam naquela brilhante interpretação da Carla Galvão - que merecia daqui um reconhecimento universal para todo o lado.

A acompanhar, um músico que tirava som de tudo e de nada. Que imaginação, que musicalidade em cada gesto pensado, qualquer objecto emitia um som puro e limpo de intenção. Até os sons próprios tinham nome. Quando se consegue estabelecer uma relação tão próxima com a música, atinge-se um patamar de plenitude emocional e transcendental ao alcance de muito poucos predestinados. Fernando Mota é um deles, e merece cada bocadinho de elogio multiplicado por tudo! Agradeço-lhe a riqueza de experiência que me proporcionou.

Contos em Viagem – Cabo Verde, foi talvez a emoção teatral mais intensa a que tive o privilégio de assistir. Se quiserem fazer um favor a vós próprios, tenham a inteligência de não perder esta peça por nenhum valor mais alto que se alevante!



3 Bilhetes Comentados:

Anónimo disse...

Junto as minhas palmas às tuas e acho muito bem que se elogie quem merece.Viva Cabo veeerde!

iris_esfenoidal disse...

Sugestão imperdível. Lá irei esta semana!

(a propósito, post comentado http://bilhetedeida.blogspot.com/2008/03/o-lado-selvagem.html)

Anónimo disse...

Quando sai da pequena sala do Teatro Meridional, fiquei com a sensação que foi um privilégio ter tido a oportunidade de assistir a duas interpretações extraordinárias.