CLUBE DE LEITURA – O Leitor

Semanas passadas da decisão, os leitores de O Leitor chegam ao fim da travessia. Os goles de sabedoria de cada um são bem vindos nesta sede de partilha. O calor que já se faz sentir não seca as gargantas da opinião.




Muito mais que uma história de ficção, este livro atravessa um período de grande realidade. Uma realidade mundial, mas muito alemã de sentir e viver. Um livro apenas sobre analfabetismo, ou uma crítica social a determinada época? Uma história de amor ou de ódio? Vidas que se cruzam e se marcam para sempre.

Muito se pode interpretar e opinar neste livro. Façam vossas as palavras de opinião e não deixem passar por vós o sangue do sentimento em veia de indiferença. Dar sangue é uma dever de todos, por isso doem as vossas impressões, opiniões, vontades e outras verdades.

P.S. - E livros... sugestões... participem na escolha do próximo para não serem sempre imposições de que se gostam ou não.

3 Bilhetes Comentados:

maria disse...

Olá Bruno. Como já tinha comentado, este livro foi lido pelo meu outro grupo de leitores o ano passado, e no rol escolhido para 10 meses de leitura este foi talvez o 2º mais aplaudido.
O livro é excelente,a história é muito bem construída, mantém o suspense, a escrita é boa. O Bernhard consegue de maneira brilhante jogar com 2 gerações da Alemanha, digamos assim, ele usa a Hanna como a geração da guerra e o Michael como a geração pós-guerra. Este livro nos EUA foi muito criticado, visto a personagem Hanna abusar do jovem Michael,abusar sexualmente, o autor não deu demasiada importância a essa crítica, ele diz que o livro foi muito bem aceite noutros países, particularmente na Alemanha, o país que ele tinha mais receio de não entenderem a forma como ele expõe a possibilidade de toda a geração pós-guerra, gostar de várias pessoas, como a família, amigos, professores e afinal descobrirem ou imaginarem o que é que essas pessoas fizeram durante a guerra.
Óbvio que não deixa de ser interessante, a Hanna sentir vergonha de não saber ler, até porque a Alemanha já em tempo de guerra era um dos países mais alfabetizados do mundo.
É um livro que eu aconselho a todas as pessoas que gostam de ler livros bons.
Vou mandar- te 1 mail, com algo muito interessante sobre a Alemanha, coisas que estudámos no grupo.
Até breve.

P.s. Aconselho para lermos da próxima vez, " Sinfonia em Branco" de Adriana Lisboa, autora brasileira que ganhou com este livro, prémio José Saramago, é brilhante.

Brunorix disse...

Um livro muito bom que parte do pormenor para contar algo maior. O analfabetismo, neste caso a sua vergonha, serve de pano fundo para falar de uma Alemanha quase esquecida, sobretudo pelos não alemães.

O período pós-guerra no país onde tudo começou e acabou. A vivência de quem morreu a guerra e de quem viveu a sua morte, as relações entre as gerações do antes, do durante e do após.

Este livro não deixa de ser, também, uma história de amor. A influência que um grande, e único, amor pode ter na vida e no comportamento humano. Uma história chocante de reflectir pela beleza da realidade!

Anónimo disse...

Demorei um bocado a comentar este livro, porque o li segunda vez. Tinha visto o filme e não consegui, da primeira vez, dissociar o livro da Kate do Ralph.
Desta segunda, já consegui,ainda que considere o livro muito visual, o que não deixa de ser engraçado porque não é extensivamente descritivo.
Sobretudo acho que é um livro de fácil leitura, bem escrito e "limpo". Consegue-se facilmente andar nos tempos da história e da História que nos lembra as consequências de uma Guerra nas diferentes gerações. Ainda que a "voz" seja a de Michael, acho que é a Hanna que tem todo o protagonismo, porque encerra em si esta dictonomia da vergonha e do que se dispõe a sofrer para que não saibam da sua vergonha,mas depois encara como natural ser SS, porque era o que era "normal". Esta quase ausencia do equacionar moral que decerto esteve presente em toda aquela geração, por oposição à punição desses actos pela geração mais nova.
E depois, claro, o amor e a sua inflência em toda a vida, como toda a influência de uma Segunda Guerra na definição do que é a Alemanha.
Pronto, gostei bastante.