Tempos (difíceis)


Já não há Verão. Este tempo que nem tem tempo para ser tempo, revolta em mim o Julho da memória quente. Onde é que ele foi?

Está frio de madrugada e o sol não presta. Mas que mer** é esta?!

As praias da vontade estão cheias de ansiedade. Compra-se sol (de)posto ANTES DE AGOSTO, vende-se este cinzento friorento.

Está frio de manhã e o sol não presta. Mas que mer** é esta?!

Os casacos do nojo cobrem-nos a pele do motim; enfim, corre um tempo em que o tempo nem chega a tempo e o atraso veste-se assim: com mangas.

Está frio de tarde e o sol não presta. Mas que mer** é esta?!

A sombra da vaidade irrita-nos o bronze da questão. - É verdade, tem razão, não teime. Passe cá amanhã pode ser que já queime. – Escondem-se as vergonhas do tempo, sem tempo nem tempo algum.

Está frio de noite e o sol não presta. Mas que mer** é esta?!




- Hoje o sol até queima a razão!
- … ok… desculpem a questão.

2 Bilhetes Comentados:

Madalena disse...

Pois é, Bruno, o tempo já não é o que era. Cá por mim, o que era bom era ser sempre Primavera: nos dias do tempo e na vida: Nem calor, nem frio! Nem sol queimador, nem chuva castigadora. Nem nuvens! Nem árvores nuas! Nem praias desertas, nem cobertas de carnes oleadas. Só o céu azul, azul, azul azul. beijinhos. Parabéns pelo texto. O meu lindómetro assinala o máximo da escala que classifica a beleza das palavras!

Anónimo disse...

Curiosamente, parece que Agosto já não é o que era antigamente. Tem sempre uma qualquer nostalgia de um Verão que não chega a ser mesmo Verão. Que pára em Julho com mais sol que o resto dos meses. Este Verão está estranho... Muito bonito o teu texto.