Enlutados pensamentos percorrem a mente deste blog, mas se é bem verdade que nas adversidades se puxam das frases feitas, também é verdade que há que aplicá-las. E por isso, a vida continua, tudo continua. Os blogs continuam e os Clubes de Leitura também.
Agendado que estava o concerto de partilha, inicia aqui a troca de notas pessoais sobre a interpretação musical de cada um. Um livro original na temática, e na narrativa, que nos lança no compassado mundo da introspecção. Como a minha fluidez de escrita não está nos melhores dias, socorro-me da sinopse da badana para lançar o mote:
Quando o jornalista Steve Lopez vê o sem-abrigo Nathaniel Ayers a tocar de forma tão sentida o seu violino de duas cordas no Skid Row de Los Angeles, fica estupefacto. A princípio, é atraído pela oportunidade de fazer dele o tema de mais uma das suas colunas para o Los Angeles Times. Mas o que descobre sobre o misterioso músico das ruas deixa-o fascinado.
Trinta anos antes, Ayers tinha sido um promissor aluno de contrabaixo da Juilliard - um aluno ambicioso, encantador e um dos poucos afro-americanos - até que, gradualmente, foi vencido por um esgotamento mental. Quando Lopez o encontra, Ayers está sozinho, profundamente perturbado e desconfia de toda a gente, mas ainda é possível vislumbrar nele resquícios desse brilho.
Os dois homens aprendem a comunicar através da música. A sua amizade vai passar por momentos dolorosos, pois Lopez imagina-se capaz de convencer Ayers a abandonar as ruas de Los Angeles. Aos momentos de triunfo segue-se sempre uma desilusão, mas nenhum dos dois desiste. E, embora a intenção inicial de Lopez seja salva Ayers, acaba por constatar que a sua própria vida mudou profundamente.
O Solista, uma obra cativante, comovente e inspiradora, narra a história verdadeira de uma amizade, de uma devoção artística e do poder transformador da música.
Toquem, cantem, partilhem as vossas pautas de interpretação e os tons do vosso sentimento. Ultrapassem a barreira do pensamento e deixem sair as notas de opinião.
Entretanto, comecem a pensar em sugestões para o próximo livro. Quinta-feira (22 de Janeiro) lanço a votação com as contribuições que houver e/ou as minhas. Boas partilhas, e ainda bem que estamos vivos para poder continuar a ler!
CLUBE DE LEITURA – O Solista
segunda-feira, janeiro 19, 2009
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Clube de Leitura,
Solista
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6 Bilhetes Comentados:
Devorei este livro. Queria chegar ao fim e ver como se desenrolava, como acabava, como seria o final (feliz ou não).
A história prende sem dúvida, muito bem escrita, ainda que considere que se nota à distância que é escrita por um jornalista. Demasiado factual e muitas vezes com pouca paixão. Para mim, ele conseguiu essa "paixão" quando descreve a discussão de Nathaniel com Steve, mas foi um dos raros momentos. Mas isso é uma questão de estilo.
Mostra, também, uma sociedade incapaz de cuidar dos seus e isso é assustador.
No geral gostei bastante. Vamos lá ao próximo
É com alguma vergonha que admito publicamente que não tenho lido nada de jeito...falta de tempo, preguiça, imensos afazeres domésticos, tudo junto tem retirado o prazer que tenho em pegar num livro e lê-lo de uma ponta a outra. O Solista vai andando, devagarinho (ainda na pg 57...). Quero partilhar aqui uns sublinhados - pg. 50 e 51 "Diziam logo aos seus admiradores[...]mínima coisa que fazemos por elas."
Acredito piamente nesta característica do trabalho social!
Pg 53 - "(...) percebi que o desafio não era o que escrever [...] não vale a pena sermos lidos." Porque esta é também a minha posição sobre a escrita.
Bjs Bruno ;)
Bom.. em época de exames na faculdade e com ginásio à mistura, a ultima coisa em que penso é na leituta, pelo que tenho uma pilha no topo da aparelhagem e na mesa que faz de conta ser de cabeceira atrás da minha cama... Ainda por cima, soube na 2ª feira que um amigo meu tinha falecido e a coisa ficou ainda pior, pelo que só posso dizer o seguinte sobre o que até agora li, (e relembrando esse amigo que se mantém em espírito connosco e do seu gosto imenso para a arte da música): não interessa a raça nem o idioma. Não interessa se se tem ou não dinheiro, não interessa se somos loucos ou não (os loucos são os que mandam matar e os que matam e não aqueles que falam sozinhos na rua com pessoas imaginárias- como eu costumo fazer...), o que interessa realmente é que quando se ama algo, uma mulher, um homem, um animal, um objecto, uma forma de arte, outra qq forma de expressão, apenas isso é importante e como tal faremos tudo, mas tudo por isso. O objectivo é deixar um legado, deixar obra feita, semear o mesmo gosto em outras pessoas, só assim sabemos que mais tarde seremos recordados.. quando não passarmos apenas de uma memória.
Daqui a dias hei-de escrever realmente algo de util sobre o livro.
O Solista. Conheci-o através deste blogue e por isso agradeço ao dono da casa que mo apresentou. Um livro, tal como diz o anónimo, caracteristicamente escrito por um jornalista. No entanto, foi também esta característica que me agradou. A escrita jornalística é uma escrita despida de adjectivos, nua e crua. É uma escrita que se molda bem à realidade descrita. A crueza e a nudez de viver na rua. A crueza do dia a dia. A nudez de afectos. Este livro chama-nos a atenção para como é fácil fazer algo por alguém. Dentro das nossas vidas ocupadas até ao mais ínfimo segundo, cronometradas e aceleradas, é tão fácil encaixarmos a vertente da solidariedade. E depois, é tão fácil mantê-la. Cola-se-nos à pele e incita-nos a mais e melhor.E como a preocupação de melhorar a vida de alguém nos pode dar felicidade. Nunca é fácil o trabalho social. OU por ser demasiado duro e por as nossas emoções não conseguirem ficar fechadas atrás de uma porta, ou porque os obstáculos que encontramos quando queremos fazer bem são imensos, ou porque a(s) pessoa(s) que queremos ajudar não aceitam essa ajuda ou se tornam completamente dependentes dela.
O Solista tem ainda o peso de tocar um assunto extremamente complicado - o da saúde mental. Até que ponto estamos (sociedade e comunidade) preparados para lidar com a diferença que caracteriza os doentes mentais? Até que ponto saberemos lidar com o real e a fantasia que habitam nas cabeças destas pessoas?
São muitas questões num livro que, enganadoramente, até pode ser tomado como sendo de fácil leitura. Se o lermos sem pensarmos que tudo o que ali está descrito, é produto da observação da realidade e não apenas uma ficção criada por uma cabeça pensadora e umas mãos "iluminadas".
A ler. A pensar...e a agir para mudar!!!
Sim. Steve Lopez é um jornalista e, sobretudo, um cronista. Este livro que tem por base as crónicas que ele foi escrevendo sobre Nathaniel (que podem ser lidas aqui: http://www.latimes.com/news/local/la-me-lopez-skidrow-nathaniel-series,0,1456093.special), não deixa de ser uma crónica de muitas páginas. É um romance factual e por isso a linguagem está com a “frieza” certa.
A música é um elo redentor entre os seres humanos e todos os acontecimentos relatados têm por base esse poder universal. É impressionante a capacidade que alguma pessoas têm para dar sem receber (cada vez mais raro nos nossos dias), só pelo prazer de ajudar alguém. Essa é para mim uma das mensagens mais positivas do livro.
É chocante perceber que somos seres verdadeiramente frágeis e que estamos sujeitos a todo o tipo de realidades incontornáveis. Seria bom fechar este livro e não voltar a pensar em doenças mentais e em pessoas que vivem nas ruas, mas a verdade é que depois desta leitura Nathaniel Ayers continuará a ser um doente mental e isso nunca vai ser alterado. No entanto, também é bom saber que muita coisa pode ser feita e muito se pode minorar e até melhorar.
Também achei interessante a crítica implícita a uma sociedade americana, supostamente, sem máculas, mas onde afinal se notam muitas falhas no sistema de saúde e no apoio social. Embora não seja essa a tónica principal do livro, não deixa de ser um grito na escuridão e a mensagem está lá.
Por fim, a minha profunda admiração pelo autor que embora não previsse tudo o que se viria a passar depois do seu primeiro encontro com Nathaniel (crónicas, livro e filme), teve o grande mérito de ter dado um passo determinante na direcção de alguém. E isso, é algo que muito poucas pessoas fazem.
Aguardo ansiosamente pelo filme!
Peguei no livro há poucos dias atrás, por interposta sugestão, ainda não avancei muito, mas o suficiente para já me ter apertado a garganta aqui e ali. Voltarei quando o acabar de ler.
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