Obituemo-nos #5

Primeiro foram as mãos e depois foi a frase, numa clara e sentida evidência perante o destino. No entanto, mesmo o que se espera custa, e custa muito. Todas as palavras são poucas para uma vida como esta. Se tiver que escolher uma, só pode ser: obrigado!


António Augusto Lagoa Henriques
(1923-2009)

P.S. – Às vezes o tempo é um amigo cruel e junta acontecimentos igualmente antagónicos no mesmo dia. Enquanto este Mestre mergulhava para sempre na terra celebrando o fim da sua presença física, eu deixava-me enterrar no mar a chorar o meu nascimento. A distância só me deixou escrever agora.

1 Bilhetes Comentados:

Madalena disse...

As tuas palavras aconchegam, apesar de tudo, esta morte. E, para além disso, há a certeza absoluta, e tu disso mesmo dás testemunho, desta vida não mergulhar nunca no tal Rio Letes.Haver alguém que nos lembre é uma felicidade. Começo a alimentar a esperança (por enaunto é só mesmo esperança!) de se poder voltar, pra viver o que não cabe num só tempo de vida. Ainda me viro para as filosofias que o defendem!!!
Beijinhos, Bruno. Não fiques tão triste. O Mestre deixou-se ficar por aqui e ninguém o vai esquecer.
Olha, vem ver a Tágide à Praça da República. Agora olho para ela com outros olhos e pergunto-lhe pelo Mestre. Ele está bem, responde-me!