Injustiça

O sabor amargo que fica, não deixa esquecer a falta de equidade no momento. A insegurança na verdade provoca o disparo ocasional, mas de ferida certeira. E de que maneira! Abrem-se as comportas da raiva e liberta-se o caudal em todas as direcções. À passagem cega da enxurrada furiosa, arrancam-se plantas, flores e outros odores.

Se duns fica a dor, doutros fica a raiva. No caminho nota-se a gaiva. A incompreensão pelo tratamento contrário suscita a revolta da razão e a certeza da viragem. Ao não reconhecido direito de superioridade, contrapõem-se o grito surdo da angústia. A dificuldade em marchar ao ritmo da incompetência, sem pedir clemência, liberta da fome o prato fundo da sedição.

Soltam-se dúvidas, estremecem amarras. Procuro no escuro do sono a segurança de um aquecimento que me explique, que me dê a resposta que não entendo. A dificuldade no levantar do amanhã, adormece-me o desgosto de hoje. Não acho justo…





… hoje preciso de gritar! Gritar a uma só voz a razão que me acolhe, mas que não me acode. A justiça que quero ver feita e que não se enjeita. Preciso de soltar a raiva escrita do pensamento… a todo o momento…

(…)

Já está!

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Anónimo disse...

" Tragam-me aguardente, que eu quero esquecer!
quero hoje dissipar
em mim as criaturas todas e todo o tormento- e com isso como peixe e um pedaço de carne de porco!"
Força nesse grito de raiva. Escrever é gritar todos os sentimentos.