Felizmente, ainda pensam em nosco!

Falar português, e sobretudo escrever, não é fácil e não é decididamente para todos. Mas, com os ventos de mudança que se aproximam vai ser cada vez mais global… ou não!

O acordo ortográfico pretende alterar toda uma cultura linguística que faz parte de nós e que nos vai transformar em brasileiros. É verdade que já vivem cá tantos, que qualquer dia nem notamos a fusão. No entanto, as alterações previstas podem, segundo os linguistas, vir a alterar até a nossa pronúncia! Eu que sempre tive vontade de nomear um filho meu de Jacinto Leite Capelo Rego, tremo ao pensar em dizer isto com sotaque brasileiro.

A identidade cultural de uma nação passa pela sua língua e pela escrita da mesma. Passamos anos a tentar aprender as regras e a escrever bem, e agora temos que reaprender tudo. Provavelmente, 70% da população portuguesa não vai dar pela diferença e vai continuar a escrever e a falar como sempre o fizeram, com a diferença que a confirmar-se o acordo passam a dar menos calinadas.




Deixar um pêlo pelo chão não vai ser possível porque se deixarmos um pelo pelo chão vão pensar que foi engano e cortam um dos pelos e depois acabam por perguntar afinal o que é que foi deixado pelo chão?! Nunca mais ninguém pára para ver uma montra, porque para para dizem os gagos e assim nunca mais paramos! A juntar às Cátias Vanessas, vão começar a nascer os Fábyos, os Karlos e os Wascos. Já para não falar nos “p” e nos “c” que tanto trabalho me deram a enfiar atrás das sílabas e que agora tenho que deitar fora.

Foi para isto que o Camões perdeu um olho e nadou que se fartou só com um braço?! Se a ideia é homogeneizar a lusofonia, e as diferenças lexicais, sintácticas e morfológicas entre o português de Portugal e os outros “portugueses” são para eliminar, porque é que alteramos a língua de origem em vez de alterar todas as outras que daí vieram? Será que é por sermos mais pequenos, ou estamos a servir os interesses de alguém? Nahh… devo estar a ser mauzinho!

Até lá vamos recebendo pérolas da sintaxe portuguesa de Portugal e regozijamo-nos com entrar num restaurante e sermos amavelmente recebidos com um:

- Ainda este fim-de-semana pensei em vosco!


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