A vida em caixotes

Sempre pensei que as pessoas que não vivem na mesma casa toda a vida, teriam mais pertences ao seu redor pois estariam a acumular desde que nasceram. Mesmo com umas limpezas de quarto ocasionais impostas pelo patriarcado, estava no meu entender que seria um rol infindável.

Engano puro! Eu e as minhas 9 mudanças de casa, cada vez mais pensamos de outra maneira. Já não contando com o facto de ter passado a vida a fazer sacos de fim-de-semana, já arrumei e desarrumei sacos e caixotes 18 enormes e sofridas vezes, a última das quais, nos dois dias exactamente anteriores ao de hoje… estou de rastos! De cada uma das vezes deito toneladas de coisas fora, mas mesmo assim tenho caixotes até ao tecto da minha alma!




Como é possível acumular tanta coisa?! É certo que sou um coleccionador de memórias e que adoro rodear-me de tudo o que tem algum significado para mim, mas atribuirei assim tanto sentido a tanto bem?! SIM!!!! Será doença? Sofrerei de acumulação aguda? Tentei nestes dias, alargar a bitola em termos de necessário vs. não-necessário. Sorri lembranças encontradas e chorei quilos de memórias que deitei fora e mesmo assim… não sei o que fazer a tanto caixote!

Encaixotei passado, seleccionei presente e arrumei futuro. Faz, desfaz, monta, desmonta, caixotes atrás e só mais um não conta! Doem-me as costas e a alma da saudade, mas sinto uma nostalgia sorridente pelo prazer de simplesmente recordar, sorrir e deitar fora!

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Patti disse...

Essas dores de costas são porque não fizeste as coisas como devia ser, ou melhor, com tanta mudança a traquitana toda já deveria saber-se arrumar sozinha, ou não?

Ah pois é, habituaram-se a que tu faças todo o trabalhinho e encostam-se ao teu esfoço e nem nas caixas se metem sózinhas!

Umas safadas, é o que é.

É que essas toneladas todas que fazem parte da tua vida, também têm alma.

Bonita analogia, a tua.

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