M18 – Contos Lúbricos VI (sexta quente em tom diferente)

Uma névoa de incerteza abateu-se sobre o seu desejo. Não sabia como lidar com o contraste de vontades, mas os lascivos pensamentos toldavam-lhe o espírito e a razão. O que parecia bem ao exterior, não se coadunava com a vontade interna.

A sua batalha mental, criava uma apatia amorfa que não a impelia em direcção nenhuma. Deixou-se ficar. Quando os olhos correspondentes tocaram os seus, a batida aumentou. O sangue ferveu mais depressa, e o desejo dava passadas largas para o lado do preconceito, eliminando furiosamente o que sabia ser um pré-conceito.

Não era claro no seu corpo aquele sentimento novo e não se sabia desejável de olhar. Enquanto ia descobrindo esses novos caminhos, os olhos opostos levantaram-se na sua direcção. De um olhar passaram a um movimento. Mais depressa do que o entendimento conseguisse explicar, já estavam à distância de uma pestana. Os hálitos a desejo misturavam-se num cocktail de vontades, sabidas por um lado e inexploradas por outro. Cheirava a lábios quentes, que sem palavras se tocaram.

Um arrepio de concretização percorreu todo o seu corpo. Deixou-se sorrir. A vergonha de nunca ter percebido, baixou-lhe o olhar por momentos. A frase da tranquilidade, veio no sentido da salvação:

- Não tenhas medo. O teu sorriso diz tudo.

Uma mão em formato de convite, arrastou-a para uma cama sem público. Deitada de costas sobre a vontade, fechou os olhos e deixou-se levar. De novo um beijo quente juntou-se na sua boca. Desta vez, uma língua compareceu no bailado e apimentou a doce a barreira já passada. Palavras de confiança sussurradas em ouvido lambido, permitiram roupas a menos e desejos a mais. Uma boca experiente deslizou no pescoço da expectativa em direcção aos seus seios. Mordiscou-os como ninguém e fez crescer de vontade a dureza que sentia.

Enquanto viajava nas asas da luxúria, dois dedos entravam na sua húmidade, num vaivém de súplica ardente. Completamente entregue na dança de sensações, olhou aquele corpo tão diferente de igual que era e quis retribuir na imaginação da vontade. Agora, era a sua língua que deslizava na direcção de uma húmidade tão quente como a sua e que cheirava a sabedoria lasciva. Como se de uma boca se tratasse, beijou aqueles lábios numa avidez de descoberta e de uma só volta, sentou o seu interior noutra boca que a chamava. Todas as bocas se confundiam numa só e aqueles dois corpos encaixados, pareciam peças da mesma vontade. Dançavam, esfregavam, contorciam… lambiam gritos de prazer.




Mais uma volta na volúpia, e os seus seios roçavam noutros tantos numa dança erótica a quatro mamilos. O crescimento não parava e da gaveta das vontades surgiu um vibrar desconhecido. Apresentado de seguida, passou na fronteira da loucura como se sempre lá estivesse estado. Os corpos amavam-se em redondo e conheciam-se de prazer por completo. Partilhavam-se cada vez mais avanços e as ofertas orgásmicas surgiram na naturalidade das trocas.

Extasiados corpos gritaram para o lado e abraçados em descoberta de partilha, adormeceram no conforto da certeza, afastando a névoa inicial.

O sorriso da confirmação foi o último a chegar e encarregou-se de juntar os despojos da festa, deixando a casa arrumada para o dia seguinte.

3 Bilhetes Comentados:

Vera disse...

Gostei. Muito.

Vera disse...

Vim reler. Porque gostei mesmo deste texto. É bonito. É cheio de desejo. Bonito mesmo!

Cláudia Paiva Silva disse...

Muito bom.. Pelo menos dá asas à imaginação, para variar da rotina do aparente "normal".