M18 – Contos Lúbricos XIII (enfermos prazeres)

Abriu os olhos e o tecto era branco. Deitado em lençóis brancos, sentiu o aperto das brancas paredes a tocar o seu pijama branco. Sentia um cheiro branco a remédio e o dia ou a noite que o envolviam, eram seguramente brancos.

Não sabia se se conseguia mexer ou não, mas sentia-se leve e eternamente jovem. Voltou a fechar os olhos. Voltou a abrir. A ladear o seu leito estavam agora duas mulheres com batas brancas. Os seus olhares eram de um lascivo angelical. Destaparam-no. Despiram-no. Despiram-se.


Enquanto os dentes muito brancos de uma já rodeavam a sua glande excitada, a outra beijava-o com a dose certa de intensidade. Carinhosamente levou-lhe à boca um lindo seio de um redondo branco perfeito com um excitado mamilo em tom rosa maternal.

Mais abaixo, o outro anjo do prazer sentava-se na sua erecção surpreendida oferecendo-lhe o seu interior húmido e quente. De costas para ele e com as mãos nos seus joelhos, dançava ao ritmo lento da penetração num vaivém de brancas nádegas.

Mais acima, outros lábios vermelhos de ansiedade pousavam na sua boca deixando que a sua língua descobrisse todo o seu sabor interno. De costas viradas, os anjos dançavam. Instintivamente viraram-se uma para a outra e trocaram beijos, carícias, mais beijos, mais carícias e mamilos. Continuavam a dançar.


Como num filme, a câmara suspensa percorre o espaço revelando imagens de um homem deitado com duas mulheres sentadas em cima de si, beijando-se de excitação, e oferecendo os seus respectivos segredos molhados, em movimentos de suave luxúria. À volta uma auréola de luz branca.

A conjugação de movimentos e do ritmado prazer atingia proporções celestiais. Os anjos iam trocando de posição, apenas ele permanecia deitado. Na imensidão do tempo e das trocas, atingem o pleno dos três orgasmos numa sequência angelical de um branco estridente. O abafado prazer sorria de branca ternura.

Os dois anjos retiram-se e fecham a porta. Ele adormece de vez e para sempre.


- Podia jurar que ele estava a sorrir enquanto lhe fazíamos a cama.
- Coitado. Preso dentro de um corpo à espera que tudo se acabe, sem sentir, sem sonhar...


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