Verde Opróbrio

A cidade, a minha, amanheceu verde. Não de esperança, mas de vergonha. Este sentimento estranho de quem sofre sem fazer nada, de quem não tem intervenção nenhuma nos acontecimentos, mas que ri e chora com os resultados, deixa-me envergonhado.

Então o que aconteceu?! Perguntam as outras cores inchadas de prazer com aquela pontaria coincidente de se cruzarem connosco nos sítios onde passamos sozinhos todos os dias. Não sei o que responder, mas sinto vergonha na resposta.




Não sinto vergonha por ser adepto, mas sinto por ter no arrepio da pele o incómodo de um desfecho vergonhoso para o qual não contribuí, e até me insurgi, mas que me deita por terra a esperança, a tal verde.

A força dos homens jaz nas atitudes, no brio e no empenho das causas. Os interesses financeiros minam as paixões e a minha vergonha deve ser superior à dos que não tiveram força, mas reclamam os seus interesses diariamente. Vergonhoso.

Tenho vergonha, mas não quero apagar da memória a humilhação de um país que constantemente se subjuga a outras potências e que frequentemente deixa a marca da mediocridade, seja no desporto, seja em tudo o resto. Que este dia não se esqueça, sobretudo para que não se repita, e se mantenha bem aceso na memória dos que sentiram a cidade, a nossa, a amanhecer verde de vergonha.

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