Orgulho sem preconceito

Era, e foi, uma vez, uma Relação que nasceu ralação. Não tinha sido escolhida, mas imposta pelas circunstâncias da vida. Era de descendência. Nutrida de estranhas formas de manifestação, foi crescendo nas agruras de cada virar de esquina sempre com muito poucas rectas.

De mãos dadas com a relação andava sempre o Orgulho. Imponente e autoritário fazia da indiferença diária a batuta regente. Era convincente. Abafava a Injustiça, uma prima afastada – por imposição -, com uma facilidade tremenda. Brandia argumentos de adulta sabedoria sem olhar a meios, nem receios.




Acabaram por se juntar de vez. A Relação e o Orgulho. Assim viveram por anos fora, cá dentro, no acomodar de um sono acordado. Nunca se contestaram de razões, mas também nunca se amaram com paixão, apenas se esfregavam mecanicamente.

Foram esgotando a vivência pelo desgaste. Pisaram respeito e cuspiram amargura, sem ternura, sem efeito.

Divorciaram-se, porque a Relação estabilizou por crescimento das partes não sendo hoje o que era. Limita-se agora, às banalidades do depois sem grande esperança de mudança. No entanto, o Orgulho continua presente.

Porquê?!

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Si disse...

Fazer as palavras falar não é tão simples como parece.
Gostei imenso deste texto e da sua maneira de escrever, que tenho vindo a apreciar.

P.S. Obrigada pela visita lá a casa. Será sempre bem-vindo. Volte sempre que lhe apetecer.