CLUBE DE LEITURA – Hotel Memória #2

Animada troca de comentários largou do porto de uma primeira parte, rumando em mar calmo de opinião. Navegamos em direcção à continuação, na senda de agitar um pouco as águas da discórdia!

Depois da tareia psicológica (e da outra) infligida no leitor e no narrador no final da primeira parte, atingimos um capítulo de maior carga deambulante. O estilo do autor está adquirido, mas a distinção bem demarcada entre as duas partes, também se reflecte no desenrolar da escrita. Uma grande subida emocional e romântica da primeira parte e agora o levantar depois da queda. Algumas curiosidades se destacam e a trama enche de densidade o enigma.

Além de ser consensual, que não sabemos o nome verdadeiro do herói (embora continuem as referências a Melville, agora de Ismael passou a Bartleby), torna-se curioso o facto de não se perceber também a sua nacionalidade… ou será que se percebe? Outra curiosidade é o facto de esta parte acabar noutra tareia (esta bem mais violenta e com sequelas). Haverá uma ligação entre a violência sentida e a procura interna? E a externa…? Que sensações vos transmitiu esta parte por oposição/sequência à primeira? Que…? De…? Se…? Façam correr o sangue fervente nessas veias opinativas!





P.S. -Não se esqueçam das sugestões para a próxima leitura...

4 Bilhetes Comentados:

Anónimo disse...

Atrasada, mas mais vale tarde que nunca. O trabalho não me tem dado muito tempo livre.
Já li o livro todo, é muito pequeno para se parar a meio. No clube de leitura que frequento lê-se o livro todo e depois em 2 sessões comenta-se.
Gostei da forma com o Tordo retrata as paisagens, as estações do ano, da ambivalência da personagem do Ismael, um romântico que não consegue superar a morte da Kim. Relativamente à Kim, achei que era demasiado misteriosa e que o João poderia ter desvendado mais sobre ela. Quanto às influências, Paul Auster, sem dùvida, mas o João escreve muito bem e podem ler o livro novo " As 3 Vidas" e vão notar uma evolução na sua escrita. A história é diferente, mas também muito boa. E para terminar voto na trilogia, até porque já li os outros 2. até breve

Anónimo disse...

Como continuo com a sensação de escrita autobiográfica no Hotel, aposto a ausência de nacionalidade explícita do nosso herói como uma tentativa de contrariar essa mesma tendência de colar a personagem ao autor...Parece-me, no entanto, que o João T. não quer q pensemos no Ismael como português porque não só o põe a não perceber as conversas em espanhol da família do Manuel na ceia de Natal, como o põe a pesquisar sobre Fado com ar de quem não sabe nada sobre o género...
Quanto à violência, sim, concordo q a física pode aliviar a da alma sobretudo numa história em q a morte pesa em forma de culpa.
No entanto, não deixa de ser curioso que a primeira abordagem seja uma ameaça de puxão de orelhas, como se fosse um ensaio. Mal podia acreditar qd o "vi" ficar sem um olho!

Patti disse...

O arranque da trama, do segredo da entidade de quem o contrata, o mistério à volta do fadista e depois as consequências de tudo isso, fazem-nos correr as letras com os olhos à espera de uma explicação para breve. Foi aí que me agarrei ao livro.

Brunorix disse...

Esta mudança para o lado mais "negro" da vida, no entanto mais real, é de uma brutalidade subtilmente chocante!

A narrativa que surge agora, dentro da narrativa já existente, agarra, de facto, o mais distante dos leitores.

Adensam-se personagens, constroem-se tramas e envolvem-se teias...

Este "Hotel" ganha honras de fascínio!